O Calendário Juliano, instituído em 46 a.C., à época do imperador romano Júlio César, considerou o ano trópico de 365 dias e 1/4 e estabeleceu 3 anos de 365 e 1 de 366 dias, a cada quatriênio. Para perfazer esses 365 ou 366 dias, seis meses alternados teriam 31 dias (março, maio, julho, setembro, novembro e janeiro) e os outros teriam 30 dias (abril, junho, "sextilis", outubro e dezembro), à exceção de fevereiro, na época o último mês do ano, para o qual só restaram 29 dias (e 30 dias nos anos bissextos, os anos de 366 dias).
Mas em 8 a.C. o oitavo mês ("sextilis") teve o nome mudado para agosto, em homenagem ao então imperador César Augusto e, como o mês de julho (em homenagem a Júlio César) tinha 31 dias, resolveu-se igualar o número de dias de agosto, subtraindo 1 dia de fevereiro, que ficou com 28 ou 29 dias, e se alterou a seqüência dos meses de 31 dias (outubro e dezembro teriam 31 dias, no lugar de setembro e novembro).
O mês de março - mês do auge da primavera no hemisfério norte - era efetivamente o primeiro mês do ano. Observe, a esse propósito, que SETEmbro era o sétimo mês. Só mais tarde o mês de janeiro - mês do início do mandato dos cônsules romanos - passou a ser o primeiro e não o décimo-primeiro mês do ano.
Isso definiu as atuais regras dos meses com 31 dias (janeiro, março, maio, julho, agosto, outubro e dezembro), com 30 dias (abril, junho, setembro e novembro) e com 28 ou 29 dias (fevereiro).
O nome dos meses
A origem do nome moderno dos meses? Janeiro, homenagem a Janus, deus de duas caras. Fevereiro, homenagem a Februa, deusa das purificações e dos sacrifícios. Março, homenagem a Marte, deus da guerra. Abril, de origem contraditória, sobressaindo a referência ao "abrir" (germinar) das sementes. Maio, também de origem polêmica, ora associado à magistratura, ora associado à deusa Maia. Junho, associado a Junius, antigo mês consagrado aos jovens. Julho, homenagem a Júlio César. Agosto, homenagem a César Augusto. Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro, respectivamente sétimo, oitavo, nono e décimo mês nos calendários antigos.
Um parêntese: Diferentemente da crença popular, o nome "bissexto" não teve origem no fato de anos bissextos contarem 366 dias. A explicação correta é que o dia complementar seria colocado entre o sétimo e o sexto dia anteriores às "calendas de março" (isto é, entre 23 e 24 de fevereiro - mês que na época tinha 29 dias, normalmente), o que fez denominá-lo "bissexto calendas" (em outras palavras, dois "sextos dias" antes de março).
O Calendário Juliano acabou teoricamente em 4 de outubro de 1582 e o Calendário Gregoriano iniciou em 15 de outubro de 1582, à época do Papa Gregório XIII, "apagando" da história os 10 dias intermediários, de 5 a 14 de outubro de 1582.
Anos bissextos
Enquanto que, no Calendário Juliano, foram bissextos todos os anos divisíveis por 4, no Calendário Gregoriano, para maior precisão astronômica, passariam a ser bissextos os anos divisíveis por 4, exceto os que, terminados em 00, não fossem divisíveis por 400. Vale dizer, seriam bissextos os anos de 1584, 1588... 1600, 2000, 2400 etc. mas não os de 1700, 1800, 1900, 2100 etc.. Isso porque, descobriu-se, o ano trópico não tem exatamente 365 dias e 1/4.
Uma ressalva: Registros históricos dão conta de que o ano 4 da nossa era não foi bissexto. Teria havido um erro de interpretação, que fez contarem os anos bissextos de três em três, durante os primeiros anos de vigência do Calendário Juliano. Para corrigir isso, o imperador César Augusto teria determinado um lapso, entre 8 a.C. e 8 d.C., em que os anos múltiplos de quatro não seriam bissextos.
Os dias da semana
A origem da divisão do tempo em semanas perde-se no passado. O que se sabe é que os povos antigos se inspiraram na duração das fases da Lua para estabelecer o período semanal (sete dias, "septimana", semana). Mas os registros de datas, como conhecidos hoje, somente foram organizados a partir do Concílio de Nicéia, em 325 d.C., à época do Papa Silvestre I (sim, foi ele que inspirou o nome da Corrida de São Silvestre e, nas folhinhas, é ele o santo do dia 31 de dezembro), inclusive no que diz respeito ao dia de Natal e ao domingo de Páscoa. Qualquer registro histórico anterior a 325 d.C. tem, portanto, margem de erro, inclusive as importantes datas do nascimento e do martírio do Cristo.
Outra curiosidade é a associação dos dias da semana com os corpos celestes, como alguns povos ainda preservam em seu calendário, a saber:
Inglês
|
Espanhol
|
Italiano
|
Francês
|
||
Domingo
|
Sol
|
Sunday
|
Domingo
|
Domenica
|
Dimanche
|
Segunda
|
Lua
|
Monday
|
Lunes
|
Lunedi
|
Lundi
|
Terça
|
Marte
|
Tuesday
|
Martes
|
Martedi
|
Mardi
|
Quarta
|
Mercúrio
|
Wednesday
|
Miércoles
|
Mercoledi
|
Mercredi
|
Quinta
|
Júpiter
|
Thursday
|
Jueves
|
Giovedi
|
Jeudi
|
Sexta
|
Vênus
|
Friday
|
Viernes
|
Venerdi
|
Vendredi
|
Sábado
|
Saturno
|
Saturday
|
Sábado
|
Sabato
|
Samedi
|
O nome dos dias da semana
Na verdade, se dependesse do Papa Silvestre I, todos os povos teriam adotado a nomenclatura "domingo, segunda-feira, terça-feira, quarta-feira, quinta-feira, sexta-feira e sábado", a qual, todavia, só persistiu junto aos povos de língua portuguesa. Os outros povos preferiram manter as antigas denominações pagãs. Por que "segunda-feira, terça-feira etc"? Porque naquela época a Páscoa era comemorada durante toda a semana, vale dizer, eram sete feriados consecutivos ("feriae" no latim, traduzido para "feira" no português). O nome "sábado" seria preservado e o domingo, que levaria o nome de "primeira feira" depois do sábado, também teve o nome preservado, em homenagem ao Senhor ("dominus"). Só a partir da "segunda feira" depois do sábado prevaleceu a regra dos números ordinais – terça (terceira) feira, quarta feira, quinta feira e sexta feira depois do sábado.
Vou dar uma de invejoso e postar um algoritmo para calcular a data da Páscoa :)
ResponderExcluir