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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Energias renováveis - tendencias e investimentos nos EUA


Por Jacqueline Batista Silva, no blog Infopetro
Há uma revolução acontecendo na forma com que os americanos produzem, consomem e, até mesmo, pensam a energia. As mudanças trazem implicações econômicas e de segurança nacional, aumentando, por um lado, a diversidade de fontes energéticas no país, consequentemente sua segurança energética, e, por outro, reduzindo a pegada de carbono deixada pela cadeia produtiva.
Essas mudanças são discutidas em um relatório sobre as energias renováveis na América lançado em Janeiro de 2013, realizado pela Bloomberg Finance L. P. e pelo Business Council for Sustainable Energy. O objetivo desse relatório é apresentar um quadro do papel desempenhado pelas tecnologias voltadas à energia sustentável nos EUA até o final de 2012.
Um grande impulsionador dessas mudanças foi o brusco desenvolvimento de inovações em energia, tecnologias e aplicações. Vale mencionar: novas técnicas de extração de gás natural, painéis fotovoltaicos de menor custo e maior eficiência, inserção de veículos movidos a gás natural e eletricidade, e smart grids.
O papel da eficiência energética é realçado no documento: ela é a maior responsável pela queda de 6,4% do uso de energia total em 5 anos (de 2007 a 2012). Há uma regulação que incentiva os investimentos em instalações eficientes em termos energéticos. Percebe-se que, desde 1980, a intensidade energética das construções comerciais diminuiu em mais de 40% – diminuição impulsionada pelo financiamento, pelos indicadores de eficiência e pelos grids que permitem maior controle da utilização da energia.
 Gráfico 1 – Investimento em eficiência energética e controle de carga de eletricidade, no período 2006 – 2011 (em bilhões de USD).
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 O que se percebe também é a ocorrência de um aumento no consumo de gás natural e na utilização de renováveis, enquanto outras fontes energéticas tiveram seu consumo reduzido significativamente. Isso confirma a posição do gás como energético de transição para os não fósseis. O GN foi responsável por 27% do suprimento total de energia e as renováveis – incluindo hídricas – forneceram 9,4% . Há um boom em sua utilização, graças às novas tecnologias de extração das fontes não-convencionais.
Outro ponto positivo, que podemos verificar a partir do gráfico 2 é o fato de o aumento do PNB nos EUA não ter sido acompanhado por um aumento do consumo energético. Esse é um fator significativo e de importante significado social, já que não atrela maior desenvolvimento/produtividade a um maior consumo energético.
Gráfico 2 Demanda de consumo de eletricidade e PNB nos EUA (1990 – 2012)
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 Há o entendimento de que alcançar segurança e confiabilidade no sistema elétrico se tornará um desafio cada vez maior para os operadores e reguladores do setor, o que tem demonstrado as vantagens da flexibilidade de equipamentos e instalações em todos os setores de produção e transporte. Neste último, os avanços tecnológicos e novos requisitos econômicos de utilização de combustíveis, incluindo o programa de biocombustíveis, fizeram o consumo de gasolina cair 5,7% desde 2007.
No setor elétrico, houve um crescimento da utilização de fontes de baixa ou nenhuma emissão. Plantas de geração a GN foram responsáveis por 31% da eletricidade contra 22% em 2007. No mesmo período, a geração por renováveis aumentou de 8.3% para 12.1%. As tecnologias renováveis representaram a maior fonte de crescimento em nova capacidade no ano de 2012, com mais de 17 GW adicionados. Uma feliz consequência da utilização dessas fontes foi a melhoria observada na qualidade do ar no país. As emissões de carbono do setor de energia, que haviam atingido o pico em 2007, caíram 13% desde então e atingiram seu menor índice desde 1994. Considerando o período pós-crise, vemos a tendência à diminuição das emissões de CO2 na utilização das diferentes fontes energéticas (ver Gráfico 3).
Gráfico 3 Emissões de CO2 associadas à energia nos EUA
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 A regulação é um fator de extrema importância. Embora os custos de implantação de várias fontes renováveis tenham sido reduzidos, muitas dessas tecnologias ainda dependem de incentivos para competir. Uma ilustração disso é o fato de que, apesar das mudanças observadas, houve uma diminuição do investimento em 32% devido à incerteza quanto aos incentivos federais que suportam o financiamento de renováveis.
A receita parece clara: a questão da utilização das fontes energéticas é, antes de tudo, uma questão de política energética – o que envolve incentivos a novas técnicas de utilização de fontes renováveis, a programas de substituição de combustíveis e a participação de toda a sociedade nos programas de eficiência energética.
O relatório em questão constitui uma importante fonte por apresentar as características relevantes para quem acompanha o setor energético: trata-se de um material quantitativo e objetivo; considera as múltiplas fontes de energia limpa – tratando também da eficiência energética; e, o mais importante, preenche algumas lacunas anteriormente verificadas. Um material importante para acompanhamento e que poderia servir de roteiro para um olhar semelhante sobre a utilização da energia no Brasil.

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