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sábado, 17 de agosto de 2013

São Bento do Sul – recursos hidricos 2

Assoreamento no rio São Bento, proximo a sua foz, a jusante do bairro Cruzeiro - situação em 2008

Os textos e fotos desta série por henry Henkels

escritos em março de 2004 – recuperados hoje de antigos CDs de backup de arquivos do programa Adobe PageMaker – adaptados para reapresentá-los aqui no blog  pois tinham sido escritos para o Dia Mundial da Água, e foram publicados no jornal Evolução de SBS naquela ocasião. Adendos de atualização de hoje, [agosto de 2013 entre colchetes em negrito itálico]. Analises um pouco rápidas, pois o texto era destinado a publicação em jornal, que dispõe de pouco espaço para um aprofundamento que um tema dessa complexidade exige.



A QUESTÃO DA DRENAGEM URBANA

A retirada dos materiais espúrios (terra ou lixo) do leito dos rios urbanos é imprescindível, pois a drenagem pluvial em todos os bairros sob influência dos rios urbanos, depende diretamente do desempenho hidráulico desses rios. No momento atual existem por parte da administração municipal uma iniciativa de ações no sentido manter os canais com a calha desimpedida, mas utilizam-se práticas completamente inadequadas, que certamente provocam conseqüências ambientais importantes. Em outras palavras, a situação só tende a piorar, principalmente pelo fato de se proceder a retificação do curso do rio (causando o aumento da velocidade das águas – com o aumento da vazão por ocasião das chuvas), e o mais grave, retira-se também a vegetação das margens, que está a proteger as margens da erosão. Além do mais a terra assoreada é retirada e depositada imediatamente em cima da barranca do rio. Fica ali, fofinha, esperando a primeira chuva para retornar à corrente d'água e ir se depositar mais adiante e causar novos focos de inundação.

Essas soluções estão em completo desacordo com as modernas práticas de conservação dos recursos hídricos e da própria dinâmica dos rios. Modernamente seguindo a escola européia, notadamente da Alemanha, todos os projetos de recuperação de rios se orientam no que se denomina "renaturalização dos rios", que é algo muito diferente do que se está fazendo em São Bento do Sul. Esta metodologia está disponível no Brasil, pois já foi explicitada no grande projeto de cooperação Brasil/Alemanha chamado PLANAGUA/GTZ, de 1998. Existe uma cópia de um relatório parcial desse projeto disponível para consulta na sede do Consórcio Quiriri. Esse material intitulado "Recuperação de Rios – Possibilidades e Limites da Engenharia Ambiental", foi fotocopiado do original de minha coleção particular, mas jamais foi consultado por alguém envolvido na questão de desassoremento dos nossos rios.

Desassoreamento inadequado dos rios em SB, se observa a retirada da vegetação das margens, que era a proteção da erosão 
Também fala-se em construção de piscinões, para tentar resolver o problema das enchentes. Não se sabe de onde surgiu essa idéia mirabolante e estapafúrdia, ou em que tipo estudos esse projeto está baseado. Certamente não é com uma simplificação assim, que vamos chegar à solução para os nossas deficiências de drenagem urbana. Esse tipo grave problema estrutural se resolve atacando-se as causas e não criando soluções paliativas simplistas, que também resultarão em outros graves e novos problemas adicionais. Aliás, essas coisas já aconteceram em outras cidades que adotaram essas ambiciosas “engenharias” e as implantaram de maneira atabalhoada: ficou pior a emenda que o soneto. Não podemos repetir esses erros aqui.
A terra depositada na margem retorna ao leito do rio nas primeiras chuvas e todo o serviço terá sido em vão  -  (o cão é o Tintim)
Para os leitores interessados neste tema e usuários da Internet [isso se destinava para o pessoal que lia o jornal em 2004], os relatórios do projeto Plangua/GTZ estão disponíveis para download em    http://www.serla.rj.gov.br/downloads.htm    no tópico "publicações". 

[Obviamente o link acima já caducou e se tornou um “Bad Request (Invalid Hostname)”.  Hoje se encontra o manual aqui acesso em 17 de agosto de 2013]

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