por Elvis Pfützenreuter (leitor e comentarista contumaz aqui), em seu logbook
Por volta de 2007, instalei uma antena parabólica tipo BUD (*) e, como não sou muito de ver TV aberta 'normal', comecei a assistir, por curiosidade mórbida, aqueles canais de TV pública, como TV Senado, TVE e assemelhados.
Na TV Senado eu já tinha descoberto um programa interessante (para mim), "Quem tem medo de música clássica?", apresentado pelo senador Arthur da Távola. Acho que passava a cada domingo, 10 da manhã. Obviamente era sobre música clássica.
E acabei encontrando mais alguma coisa, na TVE: um excelente programa de debates, chamado "Espaço Público", apresentado por Lúcia Leme.
O formato era o mais simples possível: uma apresentadora/moderadora, alguns convidados, e três temas por dia, um tema por bloco. Não era uma regra fixa, mas tentava-se abordar um tema "noticioso", um tema mais "profundo" e um terceiro mais "leve", recaindo sobre arte ou variedades.
Os convidados variavam de jornalistas da TVE, talvez catados nos corredores da emissora "ad hoc", a políticos importantes. Alguns convidados eram figurinhas bastante repetidas, mas sempre muito inteligentes e interessantes.
Era curioso o equilíbrio que havia entre os seis convidados. Tinha gente de extrema-esquerda e de extrema-direita liberal. As discussões esquentavam bastante de vez em quando. Tinha defensor do governo, e crítico ferrenho. Não sei se este equilíbrio era propositado. Provavelmente era, embora se tentasse passar a impressão que era algo casual.
O programa só tinha dois pequenos defeitos: passava muito tarde (depois da meia-noite), e tinha mais convidados que por algum motivo estavam no Rio de Janeiro, afinal a TVE estava lá.
Aí veio a suspeitíssima conversão da TVE em TV Brasil. O programa durou mais alguns meses, e acabou sendo simplesmente extinto em agosto de 2008, por "razões de mudança de grade".
Era praticamente o único programa da TV Brasil que prestava, extinto. Por quê será?
O site Observatório da Imprensa disse algo sobre este assunto.
Na minha opinião, o programa foi extinto porque não era suficientemente pró-governo. Procurava fazer um debate equilibrado. Não cabia na proposta da TV Brasil. É óbvio que a TV Brasil não foi criada para ser uma BBC patropi :)
Mas isto é apenas a minha opinião genérica. Por outro lado, este blog homônimo ao finado programa levanta uma lebre bastante específica a respeito do chapa-branquismo que alvejou (nos dois sentidos) a grade da TV Brasil.
Há esta expressão inglesa: "Quem tortura uma borboleta na Roda?". Descreve um ato simultaneamente condenável, trabalhoso e irrelevante. O programa Espaço Público passava de madrugada numa TV que tem audiência basicamente zero. Custava deixá-lo em paz? Mas algum Pol Potzinho tupiniquim sentiu comichão na bunda e foi fazer hora extra na Roda.
Por ironia do destino, o senador Arthur da Távola morreu, e com ele também se foi o programa dominical sobre música clássica, em maio de 2008. RIP.
Alguns episódios do "Espaço Público" que encontrei no YouTube:
Análise do aumento da população carcerária dos EUA
Política: mandato é do partido ou do candidato?
Discussão sobre a lei da homofobia
(*) BUD: Big Ugly Dish. O sinal da parabólica de TV aberta parece ser fraco, e precisa de uma parabólica grande, e muito bem apontada.
Análise do aumento da população carcerária dos EUA
Política: mandato é do partido ou do candidato?
Discussão sobre a lei da homofobia
(*) BUD: Big Ugly Dish. O sinal da parabólica de TV aberta parece ser fraco, e precisa de uma parabólica grande, e muito bem apontada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário