por Richard Jakubaszko, em seu blog
NOTA PRELIMINAR: este blog concorda em grande parte com o autor e publica seu ponto de vista aqui a guisa de contribuir com o debate, mas existem alguns pontos obscuros nas afirmativas contidas no texto que carecem de discussões adicionais. Ver as notas numeradas para os pontos que remetem a isso. [entre colchetes, adições nossas]
[Afirmação mestra que deve nortear todo o contexto para este artigo] >>> O crescimento explosivo das cidades, somado ao descaso dos poderes públicos e à falta de consciência da população em geral, e a falta de [
Adicionalmente, vindo não se sabe de onde, aparecem argumentos de que o planeta tem água, sim, mas é água salgada dos oceanos, e o que vai faltar é água doce, água para beber. Por vezes chega-se ao paroxismo de anunciar que a Amazônia caminha à desertificação (3).
A premissa dessa questão é o paradigma de que vai faltar água potável (água doce) para abastecer os 7,3 bilhões de pessoas que temos no planeta, pois apenas 3% da água existente no planeta é doce, e 97% é salgada.
1º erro: água vai acabar?!?!... Não existe nada na natureza, nem na química ou na física que faça a água sumir, à exceção da eletrólise, que é processo laboratorial, para pequenas quantidades, e custa muito caro. A mesma quantidade de água que existe hoje, existia há 3 milhões de anos. E será assim no futuro. A água se recicla permanentemente, sempre nos 3 estágios que conhecemos: líquido, sólido ou gasoso. Aliás, o planeta deveria chamar-se “Água”, pois de terra há somente 29% na superfície da nossa casa.
2º erro: as calculadoras dos ambientalistas ensandecidos partem da premissa de uma estatística já antiga feita em países com pouquíssima água (como Israel e Espanha). Nesses países, o problema da água é crítico: lá, “descobriram” que 70% da água consumida eram usadas na irrigação, 20% pelas indústrias e 10% por consumo humano. Entenderam e decidiram que isso levaria ao caos do planeta. Dever-se-ia economizar água na agricultura, e, portanto, os "perdulários" dos produtores rurais teriam de ser contidos a qualquer custo.
3º erro: a “pegada hídrica” não tem aceitação internacional em nenhuma universidade, pois utiliza métodos estapafúrdios e emocionais, sem base na boa ciência. O referido indicador nem é polêmico, ele simplesmente não é aceito como ciência. Desta forma, as ONGs divulgam um factoide monstrengo, e a mídia digere e divulga acriticamente todas as besteiras inconvenientes.
Desta forma, chegamos aos “controles e à gestão da água”, eis que para irrigar a lavoura o agricultor brasileiro deve ter “estudos de impacto ambiental”. Numa boa, os ambientalistas e especialistas de água, surgidos do nada, passaram a faturar uma grana extra em consultoria. Não se financia um pivô de irrigação sem que haja um “estudo de impacto ambiental”. Fazer uma barragem ou poço artesiano é "crime ambiental". As firulas do raciocínio ambientalista são hilárias, e tenta-se dar embasamento de “estudo científico”. [Puro corporativismo de CREA's e Conselhos de Biologia's da vida pra dar sustentação aos seus acólitos] (4)
Achar que água é vital a gente concorda com os ambientalistas. O que se deve ter em mente, é que o consumo de água, seja agrícola ou industrial, não “gasta” água, apenas interfere em seu processo. Quando usada na agricultura, na forma de irrigação, ou também por chuvas, como é calculada na métrica neurótica dos ambientalistas, a água não vai para o “quinto dos infernos”. Essa água revitaliza o solo, dá sustentabilidade à produção de alimentos, evapora-se ou é filtrada em suas impurezas, e vai para o lençol freático. Dali retorna para os rios, ou vai, temporariamente, para os aquíferos, e depois chega aos mares. Nos oceanos há evaporação, que forma as nuvens, e estas, depois de milhares de quilômetros percorridos, se transformam em chuvas. É o destino de toda água no planeta, inexorável. A ciência chama isso de Ciclo Hidrológico, e é uma das primeiras coisas que uma criança aprende no ensino fundamental.
Importante é que, seja para irrigação ou qualquer outro destino, quando a humanidade urbana ou rural usa água dos rios, usa tão somente, quando muito, apenas 1% do volume total de água do rio. Ou seja, no cálculo citado, os ambientalistas criticam o uso de 70% de água da parte de apenas 1% do que foi retirada do rio, pois 99% da água tem o mar como destino...
Repito: de toda a água de um rio, a humanidade usa no máximo 1%, ou seja, o "restante", os 99% não usados vai para o mar... Portanto, é imbecilidade discutir ou afirmar que 70% de um "universo" de 1% é gasto perdulário, especialmente se a gente lembrar que é para produzir alimentos. Afora isso, tem outro fator muito importante: com a irrigação a lavoura fica mais produtiva, e é mais uma maneira de impedir que se procurem novas áreas para se fazer mais agricultura. (5)
NOTAS
(1) O problema maior nem é a falta de recursos para se atacar os graves problemas de saneamento, mas falta de politicas públicas consistentes e consciência positiva do grande capital, que claro, prioriza seus lucros em detrimento da socialização da qualidade de vida. Socializa só as consequências deletérias de suas atividades cumulativas.
(2) Afirmação contida neste parágrafo deve nortear todo o contexto para este artigo, como já anotado preliminarmente.
(3) Não sabemos se a amazônia se encaminha para um processo de desertificação, mas o desmatamento desenfreado deve preocupar a nação brasileira gravemente. Os mecanismos que regem os "rios voadores" relacionados à amazônia tem influencia fundamental na pluviosidade do sul, sudeste e centro-oeste do país e ainda não são bem conhecidos. A garantia de preservação deste mecanismmo natural é vital. Certamente isso depende da preservação também das floresta, que se substituída por pastagem e "agrobiz do sôja" não podemos esperar que isso se mantenha inalterado.
(4) O corporativismo para garantir o faturamento de apaniguados dessas associações de profissionais não contribuem para a resolução macro dos problemas cada vez mais críticos que a sociedade enfrenta.
(5) O autor simplifica a análise em defesa da agricultura na abordagem apenas "quantitativa" do uso da água pela agricultura, mas o descaso da negligência "qualitativa", pelo uso indiscriminado de pesticidas que acabam depois retornando aos cursos d'água mereceria consideração e uma análise mais aprofundada.
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