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sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Era o petróleo - eu sabia desde o inicio... [2]




por Luis Nassif, em seu blog


É evidente a pressa do governo em deflagrar o processo de concessões. Muitas vezes esses arroubos têm produzido problemas.

Mas há um exagero em atribuir o aparente baixo interesse na licitação do campo de Libra - 11 candidatos contra uma expectativa de 40 - ao modelo de exploração ou a suposto intervencionismo estatal.

O que existe é um quadro internacional pouco claro. Este foi o verdadeiro motivo da desistência das grandes petroleiros, como antecipou na semana passada o superintendente da Organização Nacional da Indústria do Petróleo, da Firjan (Federaçao das Indústrias do Rio de Janeiro) Bruno Musso em Seminário Brasilianas sobre a Cadeia Produtiva do Petróleo.

O investimento na exploração depende da equação custo de produção versus preços internacionais. É o que irá balizar o retorno do investimento.

Nos custos, enfrentam-se reservas a 300 km da costa, demandando desafios tecnológicos relevantes na logística, aproveitamento de gás etc. Além disso, há uma curva de aprendizado e desenvolvimento tecnológico em curso, que trará redução de custos, mas a um ritmo impossível de prever.

Na outra ponta, tem-se o mercado internacional atualmente imerso em indagações relevantes.

O fato novo são os Estados Unidos, com o movimento matador de extração de óleo de xisto. Apenas no último ano a produção de petróleo aumentou em 10%. É uma variável fundamental, cujo ritmo ainda não está definido e que precisa ser acompanhada por todos os grandes players. Se os EUA saírem do mercado internacional, como grande comprador que é, afetará inevitavelmente as cotações de petróleo.

Há argumentos de que a China entrará como compradora, de certo modo compensando o afastamento dos EUA e trazendo certa estabilidade aos preços.

De qualquer modo, são três variáveis essenciais não definidas:

1. A curva de redução de custo da exploração.

2. Os efeitos do óleo de xisto sobre as importações norte-americanas.

3. O fôlego da China, como importadora de petróleo.

No momento o petróleo spot está cotado a 107 dólares o barril, mas influenciado pela expectativa de guerra com a Síria. Para contratos futuros, de 2020, está abaixo de 80 dólares.

Esta é a indeterminação principal, que afastou os grandes players do mercado.



Comentário de alguns leitores do Nassif, matando uma charada: 



(leitor 1) Estarão então contando com uma guerra?

(leitor 2) Sim! E fabricarão uma, se necessário!

(leitor 3) Exatamente!! O preço de extração de óleo de xisto é muito alto. Os americanos que estão com uma economia em frangalhos estão apostando neste tipo de negócio para dar uma alavancada na indústria local. Se acaso a Arábia Saudita (maior produtor de petróleo e regulador do preço internacional) resolver duplicar sua produção, o preço do barril vai cair bastante. Aí a extração do óleo de xisto passa a ser deficitária na concorrência com o petróleo importado do Oriente Médio. Esta pressa americana em dar "apoio" à Líbia é pura balela [SIC - refere-se ao apoio aos rebeldes Sírios e a AlQaeda, pois quando se trata de petróleo tudo é permitido, inclusive aliar-se com "terroristas"]. É uma forma de pressionar a Arabia Saudita e outros produtores locais com arsenais prontos para a ação bem próximos de suas cozinhas!

(leitor 4) Dado importante: A partir que preço por barril de petróleo a extração do xisto americano passa a ser viável? Vejam que isso pode forçar os EUA a manter conflito permanente no oriente médio, para evitar a queda do preço do barril...

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