O Bonner vai espargir essência de rosas no cenário, logo antes do jornal nacional.
Os homossexuais serão banidos da novela das oito.
O Boninho vai exigir recolocação do hímen das participantes do BBB, se necessário.
No refeitório está proibido servir cabelo de anjo.
O Na Moral do Bial vai substituir o tema da legalização da maconha por “as virtudes da monogamia” – com o mesmo entrevistado, o FHC.
As assistentes de palco do Faustão passarão a trajar o vestido da Cassia Kiss num dos Passos da Paixão.
As “meninas do Jô” terão que se confessar a ele, de público.
E um dos filhos do Roberto Marinho – talvez o primogênito – se recolherá, para sempre, a um convento em Capri.
Todas essas considerações se devem ao fenômeno da cobertura da Globo à visita do Papa.
Nem a TV do Vaticano seria capaz de tal proeza.
A Globo chegou ao extremo de dedicar ao Papa o mesmo tratamento que dedicou à doença infantil do transportismo, de forma a transformar o movimento numa tentativa de Golpe de Estado .
Por que a Globo chegou a essa devoção avassaladora ?
Horas e horas de cobertura, sem encaixe comercial.
Dedicação exclusiva dos telejornais (sic).
O que deu na Globo ?
Converteu-se à Virtude ?
Botou Fé no Papa ?
E logo agora que é cercada pela Receita Federal e pelo ECAD ?
Aqui vão algumas explicações que não se comparam às dos “analistas do Papa” que a Globo exibiu nessa Olimpíada Papalina.
Não eram tantos quanto os “analistas de tabela” que a Globo usa para confirmar o placar dos jogos que exibe, com exclusividade.
A Globo, primeiro, precisa se aproximar do “jovem”.
Afinal, trata-se de uma Jornada da Juventude.
E, como se sabe, os jovens até 24 anos não assistem mais ao principal produto da Globo – a novela.
(Muito menos o que vem entre duas, o jn…)
Portanto, a simples passagem do tempo desmontará o “business plan” da Globo.
A Globo precisa demonstrar agilidade, capacidade de sair às ruas, se aproximar do espectador.
É o que está implícito na nova estratégia: detonar dinheiro para fazer coberturas ao vivo e mostrar que a Patricia Poeta é capaz de vestir uma capa Burberry na praia de Copacabana …
Sim, perto do povo, mas nem tanto …
A Globo precisa exibir seus microfones com logotipo, nas ruas.
E entre cristãos não precisaria encapuzá-los.
A Globo precisa se associar a uma ideia vencedora: a vinda do Papa.
E espinafrar os administradores públicos, com a anuência do prefeito do Rio, Eduardo Paes, que, como o Governador, governa para a colona (*) do Ancelmo.
(O Prefeito fez o serviço da Globo, ao dar “nota zero” à administração da Jornada: era o que a Globo queria ouvir.
O Papa é uma gracinha, mas o Brasil, uma m…)
A Globo precisa mostrar que é um dos pilares do Establishment, que é da elite, da Big House que governa.
E a Igreja é o Establishment no Brasil, por mais que o Papa seja um renovador, como diz o Mino .
A Globo é papalina.
E assim pretende se distinguir, se apartar dos evangélicos, os emergentes, os que ameaçam a já combalida hegemonia da Globo, quer dizer, da Igreja.
Há muito tempo a Igreja brasileira se desligou dos pobres.
Mesmo que Francisco queira ler o livro do Boff e não queimá-lo, os pontificados de João Paulo II e Bento XVI fizeram um estrago irremediável na Igreja progressista latino-americana.
Com o apoio irrestrito da Globo e seus cardeais.
Agora, a Globo pretende se associar ao progressismo – ainda por afirmar-se – de Francisco.
Mas, de uma forma que ela própria possa conduzir e interpretar.
Como fez com os ingênuos e espertos, esses que o professor Wanderley chama de niilistas.
Quando a Ilze Scamparini voltar a Roma – e o Papa a seguir -, a Globo vai dizer aos otários o que o Papa disse.
Por exemplo, vai dizer que quando ele fala em corrupção significa “Dirceu”.
Porque o propinoduto, a Privataria e a fraude na Receita não são propriamente “corrupção”, mas uma interpretação peculiar da Lei.
O progressismo do Papa ainda está provar-se.
O farisaísmo da Globo, não.
Prova-se a cada dia.
Com odor de rosas.
Em tempo: esse Bessinha …Vai ser excomungado !
Em tempo2: a audiência do Papa no horário nobre fez a alegria dos concorrentes da Globo …
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