O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, usou recursos da Corte para se deslocar ao Rio de Janeiro no final de semana de 2 de junho, quando assistiu ao jogo Brasil e Inglaterra no estádio do Maracanã. A explicação dada pelo STF, de que a viagem foi paga com a cota que os ministros têm direito, não convenceu a opinião pública. Não havia nenhuma agenda oficial no Rio de Janeiro para o ministro a não ser o jogo.
E, pior, Barbosa assistiu ao jogo em companhia do apresentador da Globo, Luciano Huck, que acaba de contratar o filho do ministro, Felipe Barbosa, para trabalhar na emissora dos Marinhos. A TV Globo inicialmente negou que o filho de Barbosa fosse funcionário da empresa, mas foi obrigada a admitir em seguida que Felipe realmente foi contratado pela produção do programa de Luciano Huck na emissora.
A situação piorou ainda mais para Joaquim Barbosa quando veio à tona a notícia que ele, ministro, já tinha analisado processo envolvendo o pai de Huck. Está em tramitação no STF uma reclamação do Carrefour contra a empresa Verparinvest, que tem como um de seus advogados Hermes Huck, pai de Luciano Huck. O caso esteve com ministro Joaquim Barbosa. Tão preocupado em fabricar uma imagem de paladino da moralidade, o presidente do STF não foi tão rigoroso assim nas suas estranhas relações com o apresentador da Globo.
Já não bastasse a informação, divulgada recentemente, de que o ministro Barbosa teria gasto R$ 90 mil reais para reformar o banheiro de sua residência em Brasília, aparece agora mais outra informação tão escandalosa quanto essa, e que merece muita explicação por parte do ministro. Crítico dos gastos do Judiciário, ele recebeu R$ 414 mil do Ministério Público Federal por conta de controverso bônus salarial criado nos anos 90 para compensar, em diversas categorias, o auxílio-moradia concedido a deputados e senadores. A chamada Parcela Autônoma de Equivalência (PAE) foi repassada para 604 membros do Ministério Público Federal, incluindo Barbosa. O pagamento consumiu dos cofres públicos R$ 150 milhões.
Mas, as denúncias, que alguém ironicamente apontou como o "abate do Batman em pleno vôo", numa alusão à capa preta usada pelo ministro durante o julgamento de exceção conduzida por ele no STF, não param por aí. Seu filho, Felipe, antes de começar a trabalhar com Luciano Huck, prestava serviços a uma empresa acusada de receber R$ 2,5 milhões de Marcos Valério. O grupo Tom Brasil contratou Felipe Barbosa para assessor de Imprensa na casa de shows Vivo Rio, em 2010.
A Tom Brasil é investigada no inquérito 2474/STF, derivado do chamado "mensalão", e o relator é seu pai Joaquim Barbosa. Este inquérito, aberto para investigar fontes de financiamento do chamado "mensalão", identificou pagamento da DNA propaganda, de Marcos Valério, para a Casa Tom Brasil, com recursos da Visanet, no valor de R$ 2,5 milhões. E quem autorizou este pagamento foi Cláudio de Castro Vasconcelos, gerente-executivo de Propaganda e Marketing do Banco do Brasil, desde o governo FHC. Estranhamente não foi denunciado na AP-470 junto com Henrique Pizzolato.
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