Politização do tema, dificuldade da mídia para tratar de temas técnicos, silêncio incompreensível da Petrobras e do governo, tudo isso contribuiu para transformar o caso Pasadena em um festival de desinformação.
Consolidou-se o número mágico, de prejuízo de US$ 1,2 bi. É um número absurdo. Se existe escândalo, ele se dá sendo os prejuízos de US$ 10 milhões, US$ 100 milhões ou US$ 1,2 bi. Não há necessidade de turbinar prejuízos para aumentar o escândalo.
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De acordo com os números divulgados até agora:
Fato 1. A Astra não pagou apenas US$ 45 milhões pela Pasadena, antes de vender metade para a Petrobras. Teria pago US$ 45 mi, assumido US$ 200 bi de passivo fiscal e investido mais US$ 84 mi. No total, US$ 329 mi, ou US$ 3,29 o barril (a capacidade da refinaria é de 100 mil barris por dia).
São informações objetivas que precisam ser checadas, para confirmar sua veracidade.
Fato 2 – Pelos primeiros 50%, a Petrobras pagou US$ 190 milhões. Pagou outros US$ 170 milhões por metade dos estoques de petróleo. Estoque de petroleo é dinheiro à vista e não pode ser incluído no preço pago. O que se precisa investigar:
1. Se o valor dos estoques correspondia aos valores de mercado na época;
2. se efetivamente havia nos estoques essa quantidade de petróleo. Um dos documentos vazados era de uma consultora alertando para a possibilidade de não haver esse estoque nos tanques da refinaria. Ninguém foi atrás para confirmar.
Fato 3 – os preços das refinarias norte-americanas na época. Outras refinarias foram vendidas por preços muito superiores, devido ao boom das commodities que precedeu a grande crise.
A Astra é uma trader, que atua no mercado de curto prazo. O que se tem a investigar é o fato de ter se antecipado à Petrobras em alguns meses e adquirido a refinaria para revendê-la. E não se fixar no preço, que está abaixo dos preços de outras refinarias negociadas no período.
Fato 4 – o que a Petrobras investiu na empresa
O eventual prejuízo da Petrobras corresponde a tudo o que ela investiu na empresa menos o valor atual.
Há dois valores conhecidos: os US$ 190 mi pagos pelos 50% iniciais e os US$ 296 pelos demais 50%. No total US$ 496 milhões.
Para estimar o investimento completo, há três valores desconhecidos:
Na segunda compra, há um valor, de US$ 170 milhões, atribuídos a estoques e “dívidas existentes com a Astra”. Estoque não entra no custo pago; dívida existente, entra. É necessário levantar esses valores.
Pagou mais US$ 173 milhões de juros, multa, honorários e garantias bancárias. Não se tem ideia sobre a composição desses custos. O que são essas “garantias bancárias”?
O terceiro valor são os investimentos adicionais para adaptar a refinaria às leis ambientais do Texas.
Tudo somado, ter-se-á o que a Petrobras investiu.
Fato 5 – o valor atual da refinaria.
Corresponde ao custo atual de mercado –custo por barril vezes 100 mil (sua capacidade) menos passivos existentes (fiscais, ambientais etc).
Ainda não se tem clareza sobre o que aconteceu com os passivos fiscais, se ficaram com a Astra, se financiados ou se continuam na Pasadena.
De qualquer modo, se houve prejuízos está muito mais próximo dos dois dígitos do que essa maluquice e US$ 1,2 bi.
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