O general Assis Brasil acompanha entrevista de João Goulart. |
por Luiza Villaméa no sitio revista Brasileiros
Chefe do Gabinete Militar de João Goulart, o general Argemiro de Assis Brasil não se abalou em saber que uma grande marcha contra o governo federal estava sendo arquitetada em São Paulo. Repetiu uma frase que incomodava boa parte dos assessores civis do presidente: “Deixa esse pessoal levantar a cabeça porque assim é melhor. Eles botam a cabeça de fora, a gente dá uma paulada e acaba com isso de vez.”
Admirador do teórico anarquista Mikhail Bakunin, que costumava ler em voz alta desde a juventude, o general Assis Brasil tinha assumido a chefia do Gabinete Militar em outubro de 1963, três meses depois de chegar ao generalato. Além de exibir havia pouco tempo as duas estrelas de general de brigada, faltava a Assis Brasil experiência política para o conturbado cenário nacional.
Como coronel, ele havia se destacado durante a Campanha da Legalidade, o movimento civil-militar pela posse de João Goulart, depois da renúncia do presidente Jânio Quadros, em agosto de 1961. Naquela ocasião, Assis Brasil atuou como elemento de ligação entre o III Exército, em Porto Alegre, e o Palácio Piratini, de onde o então governador Leonel Brizola liderava a campanha a favor da posse do vice-presidente.
Quase três anos depois, no comando do Gabinete Civil, o general Assis Brasil assegurava ao presidente que havia montado um imbatível “dispositivo militar”. Ele se referia a um esquema de fidelidade ao presidente, que teria conquistado entre oficiais das três Forças Armadas. O esquema seria capaz de neutralizar os militares que conspiravam para derrubar o governo.
No “dispositivo militar” de Assis Brasil, destacava-se o general Amaury Kruel, comandante do II Exército, em São Paulo, amigo do presidente. Quanto aos conspiradores, Assis Brasil dava pouco crédito. Chamava de “dois velhinhos gagás” os generais Olímpio Mourão Filho e Carlos Luís Guedes, aliados do governador mineiro Magalhães Pinto contra João Goulart. Na opinião de Raul Riff, secretário de imprensa do presidente, Assis Brasil era “um otimista patológico”.
Enquanto o chefe do Gabinete Militar garantia ao presidente o apoio nas Forças Armadas, Jean Manzon, fotógrafo francês radicado no Brasil, produzia um documentário sobre a indústria automobilística do País. O filme começa com uma corrida de carros em Brasília.
Confira a produção do DKW Vemag 1964, por Jean Manzon:
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