por Fernando Brito, no Tijolaço
O Governador Geraldo Alckmin acha que vai fazer as pessoas de bobas.
Está falando do pedido de transposição das águas do Paraíba do Sul como se fosse esta a solução para a crise de abastecimento de São Paulo.
E que isto dependeria de a Presidenta Dilma “autorizar”. E, claro, se ela não “autorizar”, fica com a culpa da seca. Sem meias palavras, isto é uma empulhação.
Primeiro porque, como já expliquei em post anterior, isso só pode ser feito depois de mais estudos e demanda obras demoradas. Não vai trazer uma gota sequer para o Cantareira de hoje, secando e secando.
Segundo, porque o projeto é, de fato, antigo, mas ficou abandonado por anos e só no final do ano passado foi retomado, quando a crise já se desenhava. Mas o que as águas do Paraíba do Sul vão trazer para o Cantareira, pelo próprio projeto da Sabesp é nada diante da perda de água dos reservatórios.
Os 6 mil litros por segundo (iniciais, depois, sabe como é o poder de São Paulo…) seriam captados assim: 1,45 mil litros no reservatório de Jacareí, que seriam destinados ao Cantareira, e 4,5 mil litros por segundos em Guararema, que seriam transferidos, por uma ligação de aproximadamente 10 km, para o Rio Tietê.
A história de que o sistema só será acionado se o Cantareira ficar abaixo de 35% e o Paraíba tiver água em abundância é contraditória: as bacias que alimentam a ambos e mais o Alto Tietê são muito próximas e, portanto, sujeitas a regimes de chuva semelhantes, tanto que as águas do Rio Paraíba do Sul estão baixas para o verão, assim como o Sistema Tietê da Sabesp está ruim das pernas, embora não tão gravemente.
Não se trata de bairrismo carioca – até porque o pessoal do Vale do Paraíba paulista é contra isso – mas de não tomar decisões como essa assim, com a faca no pescoço da seca. Isso é sério e tem repercussões que não podem ser tratadas de forma irresponsável e em cima da perna.
A seca de hoje não será resolvida com uma água para o futuro e, muito menos, com demagogia e politicagem. As captações no Ribeira e no São Lourenço, que levarão quase o dobro de água para São Paulo têm projetos prontos faz anos e só agora licitaram suas obras, que levarão de tr~es a quatro anos.
Espero que os auxiliares da Presidenta Dilma não a tentem levar para essa “furada”, porque ela é muito esperta para cair nessa.
O Alckmin que agora diz que “terá água se a Dilma aprovar” é o mesmo que está mentindo à população sobre a gravidade da crise e que, por razões eleitorais, não adotou as restrições de consumo na data e no volume em que eram necessárias.
E que, como São Paulo tem uma imprensa que, por cumplicidade, não está ao nível da grandeza desta metrópole, só convence a quem não estuda e analisa as questões.
Ontem, o promotor do Meio Ambiente de São Paulo, José Eduardo Ismael Lutti, disse na Fiesp, diante de toda imprensa, que Geraldo Alckmin só não fez o racionamento porque este é um ano eleitoral.
E pediu que o povo se rebelasse.
Saiu nos jornais?
A cumplicidade da imprensa paulista com o PSDB é pior do que qualquer estiagem.
Nota do índios daqui deste toldo
Em 2007 (ano 12º do Tucanistão Paulista), quando da realização do 1º Seminário Brasileiro de APPs Urbanas, que aconteceu na USP, do qual participei, se tratou demoradamente do momento que o abastecimento de água da Grande São Paulo iria colapsar... alguns visionários cantaram a bola para 2015. Tá aí!...
Como sempre a solução "aparece" apenas quando a coisa fica Preta. Brasil...
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