Entre todos os réus, o caso de Pizzolato talvez seja o mais estarrecedor. Porque há documentos e provas abundantes de sua inocência. Ele simplesmente não tinha nenhum acesso ao dinheiro da Visanet. Isso estava a cargo de seus superiores no Banco do Brasil.
A acusação de que recebeu suborno, por sua vez, é derrubada facilmente pelos seguintes motivos:
1) O ato de ofício pelo qual se acusa Pizzolato, que seria transferir dinheiro para a DNA, não aconteceu. Ele não tinha poder para transferir nada à DNA, como provam os documentos, entre eles o já famoso Laudo 2828, escondido por Joaquim Barbosa e os procuradores, num ato criminoso.
2) Seu histórico financeiro e fiscal foi devassado. Ele foi o primeiro a abrir todos os seus sigilos, e nada foi encontrado.
3) Há documentos e depoimentos provando a versão de Pizzolato.
As versões de Pizzolato sempre foram confirmadas pelos fatos e pelos documentos. No entanto, ele foi condenado inclusive pelos juízes que absolveram outros réus porque a pressão contra Pizzolato nunca teve contrapeso político.
Era fácil condenar Pizzolato. Não era famoso. Não era poderoso. Fora sua família, formada por pessoas simples, ninguém choraria pelo arbítrio que o violentou.
Pizzolato é um homem comum, sem a aura guerrilheira, quase mística, de Genoíno. Sem o brilho intelectual e os contatos de José Dirceu.
Além disso, sempre foi um homem religioso, cordato e tranquilo. O cordeiro perfeito para ser encaminhado ao sacrifício. Só não contavam com uma coisa. Sua indignação, sua resistência. Em todos esses anos, ele não fez outra coisa senão estudar seu caso, reunir provas, colher documentos. Sempre com ajuda de sua esposa, a arquiteta Andrea Haas.
Aquele homem que todos reputavam frágil, descobriu em si mesmo a força mais poderosa de todas: aquela que nasce da necessidade de lutar pela sua honra.
Agora seu caso deverá ser julgado por um tribunal italiano, em tese imune às pressões midiáticas do Brasil, embora eu não duvide que os barões se esforçarão para estender seus tentáculos até lá.
A saga de Pizzolato é uma das lendas mais antigas da história. Um homem simples lutando por sua inocência.
Pizzolato hoje representa o maior perigo para os poderosos da mídia, porque do reexame de seu caso, e da quantidade de provas e documentos que reuniu, virá à tôna todas as maldades que se fizeram contra sua dignidade, e todas as mentiras que se contaram para lhe condenar.
E provada sua inocência, o mensalão desmorona. Porque se não houve desvio dos recursos da Visanet, e se o dinheiro não era público, então não há peculato, e toda a tese da acusação escorre pelo ralo da inépcia jurídica, da má fé judicial, e do mau caratismo criminoso do Ministério Público.
O caso de Pizzolato mostrará, quando esclarecido à sociedade, que a procuradoria geral da república e alguns ministros do STF prevaricaram e foram negligentes, incompetentes e covardes.
NOTA PÚBLICA DE PIZZOLATO:
Minha vida foi moldada pelo princípio da solidariedade que aprendi muito jovem quando convivi com os franciscanos e essa base sólida sempre norteou meus caminho.
Nos últimos anos, minha vida foi devassada e não existe nenhuma contradição em tudo o que declarei seja em juízo ou nos eventos pÚblicos que estão disponíveis na internet.
Em meados de 2012, exercendo meu livre direito de ir e vir, eu me encontrava no exterior acompanhando parente enfermo quando fui, mais uma vez, desrespeitado por setores da imprensa.
Após a condenação decidida em agosto, retornei ao Brasil para votar nas eleições municipais e tinha a convicção de que no recurso eu teria êxito, pois existe farta documentação a comprovar minha inocência.
Qualquer pessoa que leia os documentos existentes no processo constata o que afirmo.
Mesmo com intensa divulgação pela imprensa alternativa – aqui destaco as diversas edições da revista Retrato do Brasil – e por toda a internet, foi como se não existissem tais documentos, pois ficou evidente que a base de toda a ação penal tem como pilar, ou viga mestra, exatamente o dinheiro da empresa privada Visanet. Fui necessário para que o enredo fizesse sentido. A mentira do “dinheiro público” pára condenar… Todos. Réus, partido, ideias, ideologia.
Minha decepção com a conduta agressiva daquele que que deveria pugnar pela mais exemplar isenção, é hoje motivo de repulsa por todos que passaram a conhecer o impedimento que preconiza a Corte Interamericana de Direitos Humanos ao estabelecer a vedação de que um mesmo juiz atue em todas as fases de um processo, a investigação, a aceitação e o julgamento, posto a influência negativa que contamina a postura daquele que julgará.
Sem esquecer o legítimo direito moderno de qualquer cidadão em ter garantido o recurso a uma corte diferente, o que me foi inapelavalmente negado.
Até desmembraram em inquéritos paralelos, sigiloso, para encobrir documentos, laudos e perícias que comprovam minha inocência, o que impediu minha defesa de atuar na plenitude das garantias constitucionais. E o cúmulo foi utilizarem contra mim um testemunho inidôneo.
Por não vislumbrar a minha chance de ter um julgamento afastado de motivações político-eleitorais, com nítido caráter de exceção, decidi consciente e voluntariamente, fazer valer meu legítimo direito de liberdade para ter um novo julgamento, na Itálila, em um Tribunal que não se submete às imposições da mídia empresarial, como está consagrado no tratado de extradição Brasil e Itália.
Agradeço com muita emoção a todos e todas que se empenharam com enorme sentimento de solidariedade cívica na defesa de minha inocência, motivados em garantir o estado democrático de direito que a mim foi sumariamente negado.
Henrique Pizzolato
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