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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Milho transgênico é um fiasco



por Marco Aurelio Weissheimer, em seu blog

Uma lagarta resistente à tecnologia transgênica desenvolvida exatamente para dar conta dela?

Há um dado novo que vem preocupando agricultores no Rio Grande do Sul. Lavouras de milho com tecnologia Bt (transgênico) e áreas cultivadas com soja foram atacadas severamente por lagartas na safra atual (a de 2013), incluindo a lagarta-do-cartucho que, teoricamente, deveria estar controlada pelo milho transgênico. Pois não está. Uma nota técnica, de abril deste ano, assinada por Gervásio Paulus, diretor técnico da Emater e Superintendente Técnico da Ascar, adverte que alguma coisa está fora da ordem e aponta problemas na aplicação da tecnologia transgênica em lavouras gaúchas.

O milho transgênico Bt, lembra Paulus, leva este nome por que foi desenvolvido a partir da introdução de genes específicos de Bacillus thuringiensis que levam à produção de proteínas tóxicas a determinadas ordens de insetos considerados pragas para a cultura, especificamente uma espécie de lagartas conhecida como lagarta-do-cartucho do milho . No entanto, assinala o diretor técnico da Emater, bastaram apenas duas safras para essa lagarta desenvolver resistência a essa tecnologia.

As empresas produtoras de milho transgênico, assinala ainda Gervásio Paulus, recomendam a implantação de áreas de refúgio em torno das áreas cultivadas com o milho Bt. A função dessas áreas é fazer com que as lagartas contaminadas alimentem-se também de milho convencional e, desta forma, não adquiram resistência ao efeito do transgênico. O problema, explica, é que, na prática, a maioria dos agricultores ignora esta medida, e as lagartas, já no segundo ano de plantio de milho Bt, acabaram adquirindo uma resistência bastante elevada, comprometendo a eficácia de seu controle, e obrigando muitos agricultores a recorrer à aplicação de inseticidas.

E os problemas não param por aí, prossegue a nota:

“A lagarta-do-cartucho, com seu hábito canibal, ajudava a inibir o desenvolvimento de outras espécies de lagartas, como é o caso da lagarta-da-espiga, que até pouco tempo não causava maiores preocupações, mas que na última safra acabou se proliferando em lavouras de milho e migrando para lavouras de soja, ampliando dessa forma o uso de agrotóxicos e os custos de produção para estas culturas”.

Pelo fato de o milho ser uma espécie de polinização aberta, adverte ainda Paulus, há um risco quase inevitável de contaminação de pólen do milho geneticamente modificado com variedades crioulas, comprometendo a já fragilizada biodiversidade de sementes no Estado. Essa seria uma razão, defende, para não incluir o milho transgênico no sistema de troca-troca de sementes do governo do Estado, proposta que acabou sendo aprovada no primeiro semestre deste ano.

A nota técnica do diretor da Emater sugere uma alternativa para o controle da lagarta-do-cartucho do milho: implantar uma campanha massiva de uso de agentes biológicos para o controle da lagarta-do-cartucho do milho. Paulus lembra que já existe tecnologia eficaz para isso, desenvolvida pela Embrapa, viável técnica e economicamente, com a vantagem adicional de ser ambientalmente mais adequada. “O custo dessa tecnologia é relativamente baixo, em torno de R$ 17,00/hectare, mais as despesas de correio para o transporte dos agentes biológicos (no curto prazo, os mesmos viriam de outros estados, principalmente de São Paulo, que possui biofábricas com produção em grande escala, mas esse custo pode ser reduzido se a remessa for em grande quantidade”, assinala. E conclui:

“Atualmente o estado do RS cultiva em torno de 1,1 milhão de hectares de milho, se atingirmos com essa campanha em torno de 5%, isso significa aproximadamente 55.000 hectares, o que representa uma área significativa. Ao mesmo tempo, e talvez mais importante, com isso estaremos estimulando outra visão, um enfoque diferenciado nas formas de enfrentar a questão do controle de pragas no cultivo de lavouras de grãos”.

3 comentários:

  1. Já que o Tambor busca a verdade, coisa difícil num mar de informações contraditórias, deixe-me acrescentar alguns pontos de vista contrários à postagem acima.
    Primeiro, o sucesso ou fracasso de um produto é medido pela sua adoção pelo consumidor e não pelas opiniões dos que lhe fazem oposição. Assim, por mais que uma pessoa despreze o Twitter, é evidente que o produto é vencedor.
    Segundo, nenhuma tecnologia dura para sempre, em especial quando a Natureza lhe faz oposição. A penicilina foi (e é) um produto de imenso sucesso, ainda que haja agora uma vasta legião de organismos resistentes. Isso lhe diminui o uso, mas nem por isso o produto deixa de ser útil. É exatamente o mesmo caso das plantas transgênicas resistentes a insetos: dependendo do uso (no caso do Brasil, mal conduzido, com falta quase generalizada de refúgios, por falta de instrução e/ou ganância do agricultor), aparecerá resistência aqui e lá, que tenderá a se espalhar pelo país. Para controlar isto, há rodízio de culturas e uma série de outras medidas do Manejo Integrado de Pragas. Contar apenas com uma tecnologia para controle de pragas é absurdo e a ideia só pode ser comprada por quem desconhece agricultura.
    Assim, não se trata de evitar os transgênicos para adotar uma visão mais diferenciada do controle de pragas, como sugere o tendencioso artigo copiado aqui: trata-se, sempre, de usar as melhores práticas agrícolas, o que inclui o manejo integrado de pragas que, por sua, vez, pode e deve incorporar os transgênicos.
    Saudações caetés.
    Paulo Andrade
    UFPE

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  2. Vou entender pelo ponto de vista acima, que o Genpeace se alinha com a industria transgênico/química transnacional?... Ao consumidor final (o trouxa que consome os alimentos) é sonegada a informação de que o que contem na embalagem são produtos geneticamente modificados, vista a enorme resistência da industria alimentícia em rotular isso (o T no triangulo, que só se vê em ração de cachorro) Esse boicote é total por parte da industria alimentícia, do agrobiz e com grande apoio midiático e lobbistico da industria de agrobruxarias. E assim vamos...

    De qquer maneira gostei do comentário. Viva a diversidade de opiniões também.
    Saudações catarinas

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  3. Me detive com mais vagar no blog Genpeace do prof. Paulo Andrade e constato que de fato defende a tecnologia e o emprego de OGMs. Recomendo uma visita ao blog mencionado aos 11 freuqentadores desta maloca indígena, pois apresenta um contraditório válido ao que vivemos a sarrafear por aqui, além de ser um blog bem caprichado.

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