Qualquer pessoa que queira entender minimamente sobre o funcionamento do poder numa sociedade precisa considerar os seguintes postulados:
1. O poder não se orienta por interesses morais, religiosos ou emocionais;
2. Os interesses elementares que estão na base das ações dos poderosos são econômicos, políticos e estratégicos;
3. E, o poder é exercido por grupos organizados.
Portanto, não nos enganemos com o discurso moralista que promotores, delegados da PF e o juiz Sérgio Moro utiliza para tentar legitimar a Operação Lava-Jato. Isso serve para saciar a fome de catarse das massas, isto é, de purificação por atos "impuros" e sofrimentos através do auto-sacrifício ou do sacrifício dos outros. Mas este discurso não expõe as entranhas do poder, os interesses concretos por trás do grupo de poder que a comanda.
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Em termos concretos, os principais interesses que comandam a Lava-Jato são:
1. Em termos políticos: o interesse do PSDB e a direita mais conservadora do Brasil, remanescentes do escravismo, de voltar ao comando do executivo nacional.
2. Em termos econômicos: os interesses das grandes empresas petrolíferas norte-americanas e europeias de se apropriar do Pré-Sal, assim como das corporações de construção civil europeias e norte-americanas de se apropriar do gigantesco mercado de construção civil do Brasil.
3. Em termos geopolíticos: o interesse norte-americano de inviabilizar o avanço no desenvolvimento de tecnologia nacional de ponta em diversos setores, como o de tecnologia de defesa, de química (petroquímica) e cibernética.
4. Ainda na dimensão geopolítica, há a necessidade de fragilizar econômica e politicamente o Brasil para fragilizar os BRICS, único bloco geopolítico que surgiu nos anos 2000 com a proposta de contestar a ordem mundial monopolar norte-americana.
5. A fragilização do governo de centro-esquerda do Brasil também é parte de uma estratégia geopolítica para retirar do poder um grupo de viés nacionalista e que, em várias frentes, nacionais e internacionais, posicionou-se contra a hegemonia dos interesses imperialistas norte-americanos.
6. A prisão do Almirante Othon faz parte da estratégia de inviabilizar o avanço na tecnologia de defesa através do ataque ao programa nuclear brasileiro, aí incluído o domínio de toda cadeia de enriquecimento de urânio e a tecnologia do submarino nuclear.
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O grupo de poder que comanda a tal Operação e as táticas utilizadas por este grupo não deixam margem para dúvidas sobre o que estou falando. Sobre isso, considere-se:
1. Este grupo de poder, representado pelo PSDB, grandes empresas de mídia (Veja, Globo, Folha, Estadão) e partidos de oposição, como o DEM, é, historicamente, herdeiro da política colonial cujas linhas gerais são:
a) Alinhamento político, estratégico e econômico incondicional aos interesses norte-americanos e europeus;
b) Entrega substancial das riquezas nacionais mais importantes e estratégicas aos países imperialistas do norte do globo.
2. A operação Vaza a Jato não atingiu nenhum membro do PSDB e outros partidos de oposição, como DEM e PPS, mesmo com material indicando a participação de membros destes partidos (José Serra, FHC, Aécio Neves, Geraldo Alckmin, etc.- em esquemas de corrupção na Petrobras.
3. A operação Vaza a Jato não foi a fundo nas investigações, buscando elucidar as raízes recentes dos esquemas de corrupção montados na estatal, que remontam ao governo FHC/PSDB.
4. Os Estados Unidos e países europeus têm se manifestado por meio da sua justiça oferecendo todo apoio à elucidação destes esquemas de corrupção na Petrobras, mesmo que, internamente, nestes países os esquemas de corrupção sejam bem maiores.
5. A proposta de Lei do senador tucano José Serra no Senado que retira o monopólio estratégico da Petrobras sobre o Pré-Sal, o que significa dividir ou, mesmo, entregar o controle estratégico desta imensa riqueza com/aos conglomerados norte-americanos e europeus.
Não há muita margem para dúvidas: a Operação Vaza a Jato é um tiro mortal sobre a soberania nacional porque afeta, fundamentalmente, os interesses nacionais mais estratégicos tanto em termos econômicos quanto políticos e geopolíticos. Essa operação pseudo-moralizante, que semanalmente, durante vários meses, toma conta do noticiário, anunciando prisões e delações seletivas, que, ao mesmo tempo que desgasta o PT e o governo Dilma (e blinda o PSDB), ataca também setores estratégicos da economia brasileira, como o petrolífero, de engenharia civil, defesa e de energia nuclear. Um estrago que dificilmente será recuperado a curto prazo. Todas as propinas reunidas no Brasil durante os últimos 30 anos não alcançariam uma fração dos prejuízos que serão causados pela Vaza a Jato. Anotem isso.
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