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quinta-feira, 4 de junho de 2015

De como se pretende enterrar este Bananal de infelicidade sem fim



por Ion de Andrade, no blog do Nassif


A compra da Delta de Eduardo Cavendish pela Essentium espanhola por 450 milhões de reais encerra, no plano das consequências que gerou, uma primeira grande fase da Operação Lava Jato e permite enxergar o cenário do que produziu em sua totalidade.

Não vamos tecer, neste artigo, comentários sobre as intenções do Dr. Moro e do Ministério Público que atuam em equipe, mas dos resultados e significados, não no combate à corrupção, que já premiou o referido magistrado como personalidade do ano pela Rede Globo, mas nos resultados referentes à geopolítica atual considerando o Petróleo como bem estratégico, a mudança do eixo de poder mundial com os BRICS e os desdobramentos para o futuro do Brasil que são extraordinários e estão em risco.

Metodologicamente tentaremos enxergar nos resultados produzidos pela Operação Lava Jato, decorrentes dos seus controvertidos métodos que emprestaram significado político à Operação, a oportunidade para a atuação de forças contrárias ao Brasil a que denominaremos de Direita.

Senão, vejamos:

Durante um certo tempo muitos de nós acreditávamos que a Operação Lava Jato pretendia a derrubada do governo Dilma.

Após todos esses meses podemos concluir que a intenção que enxergávamos nunca foi essa. A Direita visou produzir como efeito colateral da Operação a desmoralização do governo. Buscou retirar-lhe a altivez e a desenvoltura, com o fito de torná-lo tímido e incapaz de levar adiante a sua missão estratégica, que diz respeito não somente ao Brasil mas também à construção da unidade latino-americana e a de sustentação de uma nova ordem internacional. Desnecessitando do golpe paraguaio produziu uma muito mais vantajosa mexicanização do governo. O governo sucumbiu tornando-se fraco e sem tônus.

A tentativa de golpe paraguaio poderia ter produzido efeito oposto fazendo emergir um governo mais forte e depurado, a derrubada do governo poderia dar lugar a um protagonismo militar que tampouco interessaria a essa direita ligada aos gringos. Seria uma preocupação nova no velho quintal... O medo do golpe, sim, foi usado, como mais um fator para instabilizar a política com o fantasma da derrocada da democracia.

Assim em primeiro lugar a Direita produziu um governo passivo perante a cena estratégica interna e externa, castrado quimicamente. Não o golpe paraguaio, mas a mexicanização do governo.

O outro alvo da direita tocou especificamente à questão estratégica do Petróleo. O objetivo aí só foi atingido parcialmente. O propósito era desmoralizar a Petrobrás ao ponto de torná-la alvo fácil ao desmembramento e à privatização, que chegaram a ser propostos, e de, numa mesma tacada, levar à falência as empresas nacionais pesadas detentoras de tecnologia, organização e experiência internacional, elementos cruciais para o exercício pleno da soberania de qualquer país.

A compra da Delta pela Essentium faz parte do lado negro desse cenário de desdentar o Brasil para os enfrentamentos estratégicos.

Se vierem os acordos de leniência e se as demais empresas resistirem os resultados terão sido minimizados. A Petrobrás ao que parece conseguiu emergir desse mar de sangue.

Então em segundo lugar, além de um governo fraco a Direita visou também produzir um país fraco, débil, incapaz economicamente de ficar de pé e despido de autonomia no setor do Petróleo, que começa a construir um Brasil novo.

O terceiro elemento tocou ao uso político pela Direita das prisões sistemáticas de empresários e políticos de forma explícita e sob humilhação pública, com ênfase para grandes empresários nacionais e personalidades nacionais do PT. Vejam bem, o que representam esses dois polos aparentemente distantes?

Vou explicar: O maior receio dos nossos irmãos do norte e da Direita que os representa aqui é que o Brasil se converta numa nova China. E o que é a China? Um país onde as grandes empresas prosperam e crescem por meio de vultosas e gigantescas encomendas estatais. O PAC é o primeiro ensaio desse modelo. Coincidentemente as empresas da Lava Jato são precisamente aquelas que poderiam permitir ao Brasil, de forma autônoma, alcançar dinâmica produtiva similar à da China. Mas o Brasil não é a China. Se esse modelo vitorioso pudesse ser implantado no Brasil isto estaria ocorrendo numa democracia de modelo ocidental. Estaríamos unindo o melhor do modelo asiático no plano econômico com o melhor do ocidente no plano político, orientando-nos aliás rumo a um Estado Social.

O terceiro elemento, portanto, é o de impedir ao Brasil o futuro extraordinário que ainda está em nossas mãos e que teria, caso se implantasse, gigantesco poder de influência no hemisfério ocidental e capacidade imensa de converter o nosso frágil Estado Social noutro muito mais pujante e comparável aos das mais avançadas democracia sociais da Europa em relativamente curto espaço de tempo.

Finalmente o quarto elemento é a emergência dos BRICS que mudam a geografia política e econômica do planeta.

O Banco dos BRICS é ameaça real às instituições de Bretton Woods, com ele inicia-se um novo ciclo econômico de caráter mundial e, pela primeira vez, para além da influência ocidental.

Enxergamos agora o que os nossos inimigos querem para nós: um governo fraco, um país anêmico e desdentado, uma economia caótica e desordenada onde o Estado e o grande empresariado não dialogam e não conseguem desenvolver sinergia para o desenvolvimento exponencial que pressentimos como possível e finalmente a quebra dos BRICS pela perda do Brasil.

É bom termos muita clareza disso tudo. É mostrando isso aos brasileiros que os entreguistas serão derrotados nas eleições que se aproximam.

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