Para muita gente com quem eu me relaciono, Israel aparece quase como um santo nesta história de Gaza. Dá até pena deles (de Israel ou de meus amigos?... rsrsrs) . Um pouco mais de pesquisa histórica acerca do tema ajudaria a entender todo o processo de ocupação, o cerco e a expulsão dos palestinos das terras onde antes habitavam.
Israel é um estado dominado por grupos que tiveram origem nas práticas que hoje condenam. Os israelenses, antes de constituírem o poderoso exército apoiado pelos EUA - que vendem armas e tecnologia e transferem bilhões de dólares para aquele estado - antes disso, eles formavam grupos para-militares para atacar os ingleses e expulsar os palestinos.
Em 1920, o estado de Israel ainda não existia, mas os judeus sionistas que já viviam ali na Palestina formaram um agrupamento de guerra irregular (o que hoje pregam a tabuleta na testa de adversários com a maior facilidade, TERRORISTA) chamado Haganah. Por divergências internas esse Haganah gerou um filhote ainda mais agressivo e truculento (que muitos consideram o precursor do exercito de Israel dos dia atuais) chamado Irgun, ou Etzel na linguagem local. Como essas forças combatiam a dominação inglesa local, em 1940 surgiu uma divisão do Irgun, de atuação mais estendida, por todo o oriente médio, chamado Lehi, com característica de serviço secreto e de ações militares externas. Esse Lehi tinha ligações inclusive com o governo italiano de Mussolini e mesmo com as forças nazista, visto que estes eram inimigos da Inglaterra na 2ª Guerra e que todos, afinal, combatiam.
Então, bem se vê que os precursores verdadeiros do terrorismo na região foram os judeus mesmo, mas agora posam de paladinos da justiça e querem vender a pecha de que terroristas terríveis são somente o Hamas e outros grupos islâmicos ...
É a história, triste aliás, de um povo - os palestinos - massacrado por conta da dívida mal resolvida do Ocidente com os judeus. E os árabes muçulmanos que ali residiam, e que sempre tiveram ótimas relações com os judeus, estão pagando o pato. Hoje vivem em verdadeiros campos de concentração a céu aberto. Não têm direito à autonomia, à construção de uma vida autosustentável, enfim, a qualquer projeto que não seja o de se retirar ou morrer.
Não é por acaso que grupos radicais ganham força num cenário daquele. Contudo, analisar aquele contexto com base nos argumentos do estado invasor e opressor - de que têm direito à defesa, ou de que estão se defendendo do terrorismo do Hamas, etc., - é comprar a falácia dos grupos dominantes. Terrorismo, para mim, tem muito mais a haver com o que Israel está fazendo e sempre fez contra os palestinos. Nada justifica a matança generalizada e indiscriminada de centenas de crianças e mulheres e idosos sem qualquer chance de se defenderem. Isto é crime de guerra, é genocídio, é semelhante ao que nazistas fizeram com os judeus, ou o que o regime do apartheid na África do Sul fazia contra os negros; e nenhuma organização que supostamente tenha provocado este conflito pode ser responsabilizada por um genocídio praticado por um outro grupo, um estado sionista, infinitamente superior no campo militar e tecnológico.
Israel é também a ponta de lança dos EUA na sua política imperialista, expansionista, e de guerra, que depende dos altos lucros obtidos com a venda de armas através das guerras para manter sua economia. Neste sentido, Israel é estratégico para a manutenção do clima de guerra no Oriente Médio. Não é o único ator naquele tabuleiro. O Iraque, por exemplo, já foi usado para atacar o Irã, e depois foi atacado diretamente pelos EUA, e hoje é um país destruído. Assim como acontece com quase todos os paises daquela região. Quase todos grandes compradores de armas e vendedores de petróleo.
O que estão fazendo com os palestinos que vivem em Gaza, hoje, é semelhante, em dose ampliada, ao que a polícia militar de SP fez em Carandiru. Uma covardia. Gaza nada mais é do que uma prisão, um campo de concentração. E o Hamas nada mais é do que uma das expressões de resistência daquele povo, submetido a todo tipo de humilhação. Pesquisem mais sobre Gaza, como vivem as pessoas ali, e verão a cara de um inferno. O Hamas é pequeno demais para justificar um massacre como a mídia ocidental tenta fazer, com alguns admiradores, ao que parece.
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