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sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Pequena Cartilha Didática Botocuda 1 - um pouco sobre o conflito de Gaza



retalhos pescado aqui e ali pela web e remendados aqui no blog


Para muita gente com quem eu me relaciono, Israel aparece quase como um santo nesta história de Gaza. Dá até pena deles (de Israel ou de meus amigos?... rsrsrs) . Um pouco mais de pesquisa histórica acerca do tema ajudaria a entender todo o processo de ocupação, o cerco e a expulsão dos palestinos das terras onde antes habitavam.

Israel é um estado dominado por grupos que tiveram origem nas práticas que hoje condenam. Os israelenses, antes de constituírem o poderoso exército apoiado pelos EUA - que vendem armas e tecnologia e transferem bilhões de dólares para aquele estado - antes disso, eles formavam grupos para-militares para atacar os ingleses e expulsar os palestinos.

Em 1920, o estado de Israel ainda não existia, mas os judeus sionistas que já viviam ali na Palestina formaram um agrupamento de guerra irregular (o que hoje pregam a tabuleta na testa de adversários com a maior facilidade, TERRORISTA) chamado Haganah. Por divergências internas esse Haganah gerou um filhote ainda mais agressivo e truculento (que muitos consideram o precursor do exercito de Israel dos dia atuais) chamado Irgun, ou Etzel na linguagem local. Como essas forças combatiam a dominação inglesa local, em 1940 surgiu uma divisão do Irgun, de atuação mais estendida, por todo o oriente médio, chamado Lehi, com característica de serviço secreto e de ações militares externas. Esse Lehi tinha ligações inclusive com o governo italiano de Mussolini e mesmo com as forças nazista, visto que estes eram inimigos da Inglaterra na 2ª Guerra e que todos, afinal, combatiam.



Então, bem se vê que os precursores verdadeiros do terrorismo na região foram os judeus mesmo, mas agora posam de paladinos da justiça e querem vender a pecha de que terroristas terríveis são somente o Hamas e outros grupos islâmicos ...

É a história, triste aliás, de um povo - os palestinos - massacrado por conta da dívida mal resolvida do Ocidente com os judeus. E os árabes muçulmanos que ali residiam, e que sempre tiveram ótimas relações com os judeus, estão pagando o pato. Hoje vivem em verdadeiros campos de concentração a céu aberto. Não têm direito à autonomia, à construção de uma vida autosustentável, enfim, a qualquer projeto que não seja o de se retirar ou morrer.

Não é por acaso que grupos radicais ganham força num cenário daquele. Contudo, analisar aquele contexto com base nos argumentos do estado invasor e opressor - de que têm direito à defesa, ou de que estão se defendendo do terrorismo do Hamas, etc., - é comprar a falácia dos grupos dominantes. Terrorismo, para mim, tem muito mais a haver com o que Israel está fazendo e sempre fez contra os palestinos. Nada justifica a matança generalizada e indiscriminada de centenas de crianças e mulheres e idosos sem qualquer chance de se defenderem. Isto é crime de guerra, é genocídio, é semelhante ao que nazistas fizeram com os judeus, ou o que o regime do apartheid na África do Sul fazia contra os negros; e nenhuma organização que supostamente tenha provocado este conflito pode ser responsabilizada por um genocídio praticado por um outro grupo, um estado sionista, infinitamente superior no campo militar e tecnológico.

Israel é também a ponta de lança dos EUA na sua política imperialista, expansionista, e de guerra, que depende dos altos lucros obtidos com a venda de armas através das guerras para manter sua economia. Neste sentido, Israel é estratégico para a manutenção do clima de guerra no Oriente Médio. Não é o único ator naquele tabuleiro. O Iraque, por exemplo, já foi usado para atacar o Irã, e depois foi atacado diretamente pelos EUA, e hoje é um país destruído. Assim como acontece com quase todos os paises daquela região. Quase todos grandes compradores de armas e vendedores de petróleo.

O que estão fazendo com os palestinos que vivem em Gaza, hoje, é semelhante, em dose ampliada, ao que a polícia militar de SP fez em Carandiru. Uma covardia. Gaza nada mais é do que uma prisão, um campo de concentração. E o Hamas nada mais é do que uma das expressões de resistência daquele povo, submetido a todo tipo de humilhação. Pesquisem mais sobre Gaza, como vivem as pessoas ali, e verão a cara de um inferno. O Hamas é pequeno demais para justificar um massacre como a mídia ocidental tenta fazer, com alguns admiradores, ao que parece.

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