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segunda-feira, 26 de maio de 2014

Ucrânia: Grande “think-tank” ocidental reconhece que deu com os burros na água

Brookings Institute - joga a toalha
 
no Moon of Alabama - traduzido pelo pessoal da Vila Vudu - publicado em língua tupinambá no Redecastorphoto



Não há, simplesmente, alternativa viável para a Ucrânia, exceto cooperar com a Rússia e pagar o preço que tiver de pagar para cooperar com a Rússia.

Por isso a Rússia mantém-se sentada à espera de que essa verdade simples se torne patente para todos.


Em fevereiro, escrevemos:

Putin agora sentará e deixará que o ‘'ocidente'’ se engalfinhe para decidir quem enterrará toneladas de dinheiro no poço sem fundo em que a Ucrânia se converterá (...) Putin agora só terá de esperar que a maçã caia da árvore.

Em março:

Por que a Rússia deveria tentar criar instabilidade no leste e no sul da Ucrânia, quando o governo golpista em Kiev está fazendo o seu melhor para criar muita instabilidade, ele mesmo? À agitação crescente pode-se acrescentar o provável colapso econômico que logo virá. Qualquer ajuda “ocidental” será condicionada à austeridade e empobrecimento das pessoas, bem a reforma política que os oligarcas e os políticos atuais não vão permitir. Nessa condição, não há dúvida de que haverá mais e mais agitação enquanto a Ucrânia desmorona; Rússia absolutamente não precisa intervir para ‘'obter’' confusão.

A Rússia não vai fazer nada de ruim . A Rússia, de fato, vai fazer NADA. A Rússia não vai ajudar, nem econômica nem politicamente, a menos que Kiev e o “ocidente” estejam dispostos a pagar o preço: uma Ucrânia federalizada com regiões fortes e governo central fraco. 

 
Dois meses depois, essa verdade afinal chega aos pensadores medíocres que enchem os ditos “tanques de pensamento” “ocidentais”. 
 
O Brookings Institution que, em geral, apoia as políticas de Obama, afinal admitiu que é impossível haver Ucrânia sem Rússia; e que, portanto, os EUA têm de cooperar com a Rússia no caso da Ucrânia, porque essa é a única saída que ainda resta.  Tudo se resume ao dinheiro.

A perda do acesso a mercados russos já está mordendo na carne e matará toda a indústria pesada e de armamento no leste da Ucrânia. É perda muito, muito, muito pesada:

No mínimo, estimados $276 bilhões de dólares, para tirar o oriente do mercado. É impensável. O ocidente de modo algum pagará essa quantia.
[... ]

O ponto chave aqui é que não há Ucrânia viável, sem importantes contribuições dos dois lados, da Rússia e do Ocidente. De todas as alternativas para o futuro da Ucrânia, uma Ucrânia exclusivamente ocidental é a menos factível. Mas uma Ucrânia totalmente sob controle da Rússia e absolutamente sem laços com o ocidente é, infelizmente, possível. 
 
Uma Ucrânia no “ocidente” é impossível. Uma Ucrânia dentro da Federação Russa é possível, mas pesará sobre a Rússia, pelo menos no curto prazo. Uma Ucrânia finlandizada, na qual a Rússia mandará muito, é o melhor resultado possível para todos os lados.

As próximas eleições-farsa, que elegerão o rei do chocolate, Poroshenko sobre quem a Rússia tem muita influência – os mercados e algumas das indústrias dele estão em território russo – é hoje a folha-de-parreira atrás da qual o “ocidente” tentará ocultar suas vergonhas, enquanto tenta escafeder-se de lá. 
 
Poroshenko será mandado jurar fidelidade à Rússia e assinar tratado de rendição sem condições. Ele terá de:
 
(...) construir relações com a Rússia (posição natural para a Ucrânia, que acomoda bem os interesses estratégicos da Rússia). Por essa razão básica, os políticos ucranianos não têm sequer alguma micro-chance de ignorar os seus laços passados, presentes ou futuros com a Rússia, e pouco importa que digam que ignorem precisamente esses laços. 
 
Na sequência, terá de suprimir os nazistas no oeste da Ucrânia. Os itens políticos do Acordo de Associação à União Europeia, que o governo golpista assinou, serão revogados e os itens econômicos absolutamente não serão assinados.

Tudo isso se resume a avassaladora, completa derrota para os neoconservadores, os quais erraram absolutamente todas as avaliações que fizeram da situação:
 
 
Os estrategistas dos EUA talvez não tenham antevisto nada disso por causa do equilíbrio doméstico extremamente delicado entre muitas diferentes forças e atores; e o estado ucraniano pode ter-se simplesmente desintegrado ante uma reviravolta geopolítica drástica, a qual, de fato, ainda está em curso. 
 [ ... ]
Os EUA descobrem-se mais uma vez na incômoda posição de terem contribuído decisivamente para uma dada etapa decisiva [...], apenas para, no momento decisivo, abandonarem em campo, mais uma vez. sucessivamente os parceiros e aliados dos EUA.”
 
Os neoconservadores planejaram esse ataque contra a Rússia, via Ucrânia e Crimeia, e, mais uma vez, fracassaram. Não implica dizer que a questão esteja superada. Ante a derrota, os neoconservadores são doidos para “avançar” tudo e criar “escaladas” as mais ensandecidas. 

Fato é, porém, que como se viu no Iraque e no Afeganistão, as “avançadas”, “escaladas” e surges dos norte-americanos têm pouca probabilidade de alterar resultados já configurados e já inevitáveis.
 
 

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