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segunda-feira, 25 de março de 2013

A volta da vacilona biônica ...


por Paulo Nogueira, no Diário do Centro do Mundo

Danuza (Hexenbiest?...) mais uma vez... vacilou!...
Não havia um editor na Folha para conversar com ela antes que o texto sobre as empregadas domésticas fosse publicado?...
Em certo momento, ela fala que não existe país com direitos trabalhistas iguais aos do Brasil. Ora, onde ela foi arrumar uma informação tão descabida?
Os direitos trabalhistas brasileiros, comparados aos da Escandinávia, por exemplo, são primitivos. Na Noruega, as mulheres têm um ano de licença maternidade, e os pais têm dez semanas de folga remunerada para ajudar a cuidar dos bebês.
Na Suécia, creches governamentais que parecem hotéis cuidam durante a noite de crianças cujas mãe tenham trabalho noturno.
E a economia escandinava é florescente. Mídia nenhuma se atreve lá a fazer campanhas contra o “Custo Escandinávia”.
Mas o pior do artigo de Danusa não está na informação errada, e sim na lógica tortuosa.
Se a seguíssemos, os trabalhadores teriam jornadas de sete dias por semanas e de 16 horas, como foi nos primórdios da era industrial.
Estaríamos assim se dependesse de Danusa
Estaríamos assim se dependesse de Danusa
Não haveria férias, não haveria aposentadoria, e as crianças de famílias pobres iriam direto não para a escola mas para o trabalho.
Foi a Alemanha de Bismarck, na segunda metade do século 19, que criou proteção aos trabalhadores. Não por espírito filantrópico, mas porque havia uma intensa pressão dos sindicatos dos trabalhadores, e também porque o governo temia uma revolução de esquerda.
Mais direitos para as empregadas domésticas é uma excelente notícia para elas e para a sociedade.
Quem não puder pagar vai aprender a cuidar das próprias coisas, e encontrará saídas alternativas. Em Londres, o recurso às cleaners, diaristas, é um fato da vida da classe média.
Você acerta com uma cleaner uma ou duas visitas por semana de duas ou três horas cada, e paga cerca de 35 reais a hora.
Fora disso, você mesmo lava a roupa, passa o aspirador e faz a louça. Há máquinas boas e baratas.
As inglesas que no passado já remoto trabalhavam como domésticas têm hoje ocupações mais sofisticadas e mais bem pagas. Ninguém ficou ao relento, como parece temer Danusa.
Assim como, na Alemanha bismarquiana, a indústria não se destruiu – longe disso, como se vê hoje – porque os trabalhadores conquistaram direitos.
Já é mais que hora de a classe média brasileira lavar a própria roupa suja.

3 comentários:

  1. Os únicos senões são a burocracia e a legislação trabalhista de inspiração fascista. Podiam ter resolvido isto antes. Outro ponto obscuro é a questão da diarista, ficou ambíguo.

    De resto não há porque diferenciar. Trabalho é trabalho. Mais que a legislação, é o mercado que tem pressionado. Há emprego por aí, entre dois trabalhos que pagam parecido as pessoas preferem um que não tenha estigmas.

    Isso na seara dos patrões que pagam bem. Muita gente acha ruim pagar, digamos, 90 reais para uma diarista, mas nunca faz a continha: 90 x 22 = 1960. Não é exatamente um grande salário.

    De certa forma isto vai provocar mudanças para melhor na classe média também. Por exemplo, você só bota torneira de água quente na pia da cozinha se você mesmo precisa lavar a louça, ainda que de vez em quando.

    O próprio planejamento doméstico, escolha de eletrodomésticos mais "inteligentes" e divisão de tarefas entre familiares terão reflexos, todos positivos, em minha opinião.

    Nas relações de trabalho, também. Não dá pra trabalhar 80h por semana se você tem uma casa para cuidar.

    Agora, toda essa conversa é aqui no SE e S. Até a lei valer no país inteiro, vai demoraaaar...

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