O relatório do Banco Mundial divulgado hoje diz: "o Brasil é um dos poucos países que conseguiu reduzir a pobreza na primeira década do século 21".
Eram 35% perto da virada do século; em 2011, 17%. Hoje, certamente, a percentagem é já um pouco menor. Ainda assim, muita gente, um “país” de perto de 200 milhões de seres humanos.
O relatório diz o que todo mundo sabe: que o Bolsa Família, o salário-mínimo e os investimentos públicos são os responsáveis por esse ainda pequeno, embora gigantesco, progresso social. O outro nome deste progresso social é, portanto, gasto público .
E gasto público, Marina Silva é o que é cortado, constrangido, reprimido em nome da fé ao novo Deus de sua adoração : O Mercado.
Essa é a fé dos teus novos amigos, que em nada se parecem com os guris ai da foto.
Louvam o ” Santíssimo Tripé ” do neoliberalismo , uma diabólica trindade que faz os camelos passarem pelo buraco de uma agulha e os ricos, nesta terra, viverem sempre no reino dos céus .
Os meninos da linda fotografia de André Correa que Bolsa-Família, do governo Lula, prolongado no de Dilma, tirou da extrema pobreza.
Quer que eu traduza ? Tirou da fome, da disenteria, do analfabetismo. Tirou da morte.
Não foi a senhora simpática do Itaú, que ganha, todo ano, mais bilhões que os cofres públicos, com esforço, podem dar a eles. Aliás, Marina, o Itaú deve ao Fisco quase um ano inteiro do Bolsa-Família: mais de R$ 19 bilhões, contra uma média anual de R$ 16,5 bilhões aplicados nele de 2003 a 2013.
E muito mais, Marina, o governo entrega aos bancos, porque estes lhe botam o pé da mídia no pescoço, na forma de juros.
São os homens e mulheres do teu novo mundo os que tiram o dicumê destas crianças, alimentadas com o Bolsa-Família que nossa elite considera apenas uma “boquinha eleitoral”.
São bocas pequenas, sim, mas cuja fome jamais provocou a a indignação dos teus gurus econômicos, como não provoca a ira dos teus tutores religiosos, que te movem para frente e para trás nas suas promessas, mas que não te exigem nunca que cuide da mais perfeita obra que um deus poderia fazer: as crianças.
Estes ai , Marina, precisam do dinheiro do petróleo para ter uma escola, precisam do desenvolvimento econômico para ter um emprego, precisam das hidroelétricas para não viverem nas trevas, e de rodovias , ferrovias, portos, para que a atividade econômica não os sujeite, de novo, ao abandono e à falta de futuro.
Estas crianças, Marina Silva, são ainda as feridas mal-curadas do Brasil de 500 anos, do Brasil velho que te aplaude agora.
Um Brasil que só há doze anos começou a mudar – e que por isso provoca tanto ódio a quem não basta ter, quer também que poucos tenham – e que não vai parar para jogar fora estes meninos junto com tudo de bom que por eles se fez.
Um processo que você abandonou porque a vaidade a empurrou quando não foi a escolhida, mas Dilma, para ser a candidata de Lula. Talvez por razões que sua trajetória posterior tenham confirmado.
É por eles, Marina, que a gente vai lutar e vai vencer.
Porque é neles que acreditamos.
Este povo humilde – até as pesquisas mostram – não se encanta com sua hipocrisia, com suas alianças com o Mal, com suas palavras vazias e empoladas, com seu “tripé macroeconômico”.
Não adianta lhes prometer bilhões e bilhões que você não tem de onde tirar.
Porque a turma onde há para tirar – e é tão difícil tira-lhes algo, sobretudo o seu horror aos pobres – é agora, Marina, infelizmente, a sua própria turma.
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