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quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Esses guris ainda são da turma de Marina?... ou sua turma agora é outra?...





por Fernando em seu O Tijolaço

relatório do Banco Mundial divulgado hoje diz:  "o Brasil é um dos poucos países que conseguiu reduzir a pobreza na primeira década do século 21".

Eram 35% perto da virada do século; em 2011, 17%. Hoje, certamente, a percentagem é já um pouco menor. Ainda assim, muita gente, um “país” de perto de 200 milhões de seres humanos.

O relatório diz o que todo mundo sabe: que o Bolsa Família, o salário-mínimo e os investimentos públicos são os responsáveis por esse ainda pequeno, embora gigantesco, progresso social. O outro nome deste progresso social é, portanto, gasto público .

E gasto público, Marina Silva é o que é cortado, constrangido, reprimido em nome da fé ao novo Deus de sua adoração : O Mercado.

Essa é a fé dos teus novos amigos, que em nada se parecem com os guris ai da foto.

Louvam o ” Santíssimo Tripé ” do neoliberalismo , uma diabólica trindade que faz os camelos passarem pelo buraco de uma agulha e os ricos, nesta terra, viverem sempre no reino dos céus .

Os meninos da linda fotografia de André Correa que Bolsa-Família, do governo Lula, prolongado no de Dilma, tirou da extrema pobreza.

Quer que eu traduza ? Tirou da fome, da disenteria, do analfabetismo. Tirou da morte.

Não foi a senhora simpática do Itaú, que ganha, todo ano, mais bilhões que os cofres públicos, com esforço, podem dar a eles. Aliás, Marina, o Itaú deve ao Fisco quase um ano inteiro do Bolsa-Família: mais de R$ 19 bilhões, contra uma média anual de R$ 16,5 bilhões aplicados nele de 2003 a 2013.

E muito mais, Marina, o governo entrega aos bancos, porque estes lhe botam o pé da mídia no pescoço, na forma de juros.

São os homens e mulheres do teu novo mundo os que tiram o dicumê destas crianças, alimentadas com o Bolsa-Família que nossa elite considera apenas uma “boquinha eleitoral”.

São bocas pequenas, sim, mas cuja fome jamais provocou a a indignação dos teus gurus econômicos, como não provoca a ira dos teus tutores religiosos, que te movem para frente e para trás nas suas promessas, mas que não te exigem nunca que cuide da mais perfeita obra que um deus poderia fazer: as crianças.

Estes ai , Marina, precisam do dinheiro do petróleo para ter uma escola, precisam do desenvolvimento econômico para ter um emprego, precisam das hidroelétricas para não viverem nas trevas, e de rodovias , ferrovias, portos, para que a atividade econômica não os sujeite, de novo, ao abandono e à falta de futuro.

Estas crianças, Marina Silva, são ainda as feridas mal-curadas do Brasil de 500 anos, do Brasil velho que te aplaude agora.

Um Brasil que só há doze anos começou a mudar – e que por isso provoca tanto ódio a quem não basta ter, quer também que poucos tenham – e que não vai parar para jogar fora estes meninos junto com tudo de bom que por eles se fez.

Um processo que você abandonou porque a vaidade a empurrou quando não foi a escolhida, mas Dilma, para ser a candidata de Lula. Talvez por razões que sua trajetória posterior tenham confirmado.

É por eles, Marina, que a gente vai lutar e vai vencer.

Porque é neles que acreditamos.

Este povo humilde – até as pesquisas mostram – não se encanta com sua hipocrisia, com suas alianças com o Mal, com suas palavras vazias e empoladas, com seu “tripé macroeconômico”.

Não adianta lhes prometer bilhões e bilhões que você não tem de onde tirar.

Porque a turma onde há para tirar – e é tão difícil tira-lhes algo, sobretudo o seu horror aos pobres – é agora, Marina, infelizmente, a sua própria turma.

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