Começarei com a Matex, um empreendimento muito misterioso sobre o qual é dificil conseguir informações, portanto esse relato ainda está bastante incompleto. O que relatarei é o que tenho até o momento. Preciso pesquisar mais sobre isso
ATUALIZAÇÃO - 03 junho 2014 - alguns dados novos, portanto estou refazendo postagem com data de hoje
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Matex em São Bento
pesquisa e texto henry Henkels - abril 2014
notas cfme testemunhos orais de Hilário Brand e Olimpio C. Schmidt
notas cfme testemunhos orais de Hilário Brand e Olimpio C. Schmidt
Esse empreendimento foi uma iniciativa da Industrias
Reunidas Jaraguá, do químico alemão Rudolf
Hufenuessler (1893-1955), graduado na Politécnica de Stuttgart, que havia
se estabelecido aqui no Brasil em 1925. Por volta de 1940 instalou uma unidade
aqui no bairro de Oxford para produção de cafeína, que passou a girar como CIA. QUÍMICA MATEX. Além de Hufenuessler um dos diretores era Hans Jordan, que também tinha participação na empresa..
Hans Jordan era um empresário joinvilense muito conceituado nas décadas de 1920/1930 e sempre presente em todas as questões que envolviam erva mate. Era administrador da firma H. Jordan & Cia, fundada por seu pai, como uma das sucessoras da Cia Industrial Catharinense, esta ultima que dominou todo o mercado de erva mate do norte de Santa Catarina nas últimas décadas do século XIX até por volta de 1910. Em 1931 foi eleito presidente do Instituto do Mate, subseção SC.
Para montar a planta industrial da empresa aqui em São Bento grandes peças de equipamento pesado vieram de Joinville e do porto de São Francisco. Esse material estranhamente não vinha de trem e sim por caminhões subindo a Serra D. Francisca. Peças maiores que extrapolavam as dimensões das carrocerias dos caminhões tinham carretas improvisadas externas. A chegada dessas peças enormes causou um frisson considerável entre os moradores do bairro de Oxford, que saiam à rua para apreciar esse acontecimento.
Hans Jordan era um empresário joinvilense muito conceituado nas décadas de 1920/1930 e sempre presente em todas as questões que envolviam erva mate. Era administrador da firma H. Jordan & Cia, fundada por seu pai, como uma das sucessoras da Cia Industrial Catharinense, esta ultima que dominou todo o mercado de erva mate do norte de Santa Catarina nas últimas décadas do século XIX até por volta de 1910. Em 1931 foi eleito presidente do Instituto do Mate, subseção SC.
Para montar a planta industrial da empresa aqui em São Bento grandes peças de equipamento pesado vieram de Joinville e do porto de São Francisco. Esse material estranhamente não vinha de trem e sim por caminhões subindo a Serra D. Francisca. Peças maiores que extrapolavam as dimensões das carrocerias dos caminhões tinham carretas improvisadas externas. A chegada dessas peças enormes causou um frisson considerável entre os moradores do bairro de Oxford, que saiam à rua para apreciar esse acontecimento.
Para a montagem dos equipamentos, técnicos de outras cidades
vieram para se desincumbir das tarefas, poucos eram os funcionários locais.
Muitos de Jaraguá, Guaramirim e redondezas. Construíram 3 ou 4 casas para
servir de moradia aos técnicos e gerentes que iriam administrar a unidade. Eram
casas de alvenaria de excelente qualidade e de bom tamanho. Para coordenar a
administração doméstica dessas casas
tinham até uma governanta geral, de sobrenome Schuller-Wahr, que por aqui
permaneceu por todo o período que a fabrica funcionou.
Um dos gerentes, de nome Gehring, mantinha uma pensão em que alguns funcionários moravam. A filha deste
mais tarde casou com um funcionário da empresa de nome Arthur Bisoni e se
estabeleceram por aqui por muito anos, passando este ultimo depois a trabalhar
como caminhoneiro. Outro funcionário graduado era Edgar do Amaral e Silva, que mais tarde se tornaria titular do cartório do registro de imóveis aqui em São Bento do Sul.
A empresa foi inaugurada oficialmente em final de novembro de 1943 com a presença do interventor federal em Santa Catarina, Nereu Ramos, ocasião festejada com uma grandiosa churrascada.
A empresa foi inaugurada oficialmente em final de novembro de 1943 com a presença do interventor federal em Santa Catarina, Nereu Ramos, ocasião festejada com uma grandiosa churrascada.
O produto principal
da Matex era cafeína, que extraiam da
erva-mate. Ferviam grandes quantidades de folhas da Ilex paraguariensis com vapor produzido nas enormes caldeiras.
Dessa infusão extraiam um chorume escuro que passava por um processo nunca
revelado de purificação através de extensas tubulações de cobre e outros
dispositivos. O produto final era um granulado branco que parecia coco ralado segundo alguns. As
quantidades extraídas eram notavelmente pequenas, de poucos quilogramas, em
relação às grandes quantidades de matéria prima que se observava na entrada do
processo. Haviam pátios enormes com pilhas imensas de erva mate aleirada ao ar
livre.
Também compravam erva em fardos semi secos de outras
regiões, que vinham de trem, provavelmente da região de Canoinhas, Três Barras,
Valões e Porto União. Para estocar esses fardos de erva seca alugaram o antigo
Salão Linzmeyer, que ficava lotado até o teto às vezes. Era um antigo salão de
bailes que havia sido desativado em meados da década de 1930. Muitos carroceiros e alguns poucos caminhões
foram alugados para transportar esse material da estação de trem na Serra Alta
até Oxford.
As quantidades do produto final eram tão diminutas que eram
transportadas para Joinville sempre de automóvel, função delegada a um taxista
de nome Schmalz. Na maioria das vezes era esse Schmalz que levava o produto cristalino branco
em pequenos sacos em seu taxi serra abaixo. As vezes a matriz de Jaraguá mandava um caminhão serra acima que descia carregado com outras matérias primas que processavam por aqui. Esse caminhão era um R.E.O., de fabricação americana e era dirigido sempre por um cidadão que chamavam de Hildebrando (talvez Hildebrand).
Como o produto que se produzia ali era uma coisa exótica
para os moradores da redondeza, ou mesmo para toda a cidade, grandes lendas
urbanas se criaram em torno dessa empresa. A mais comentada era de que se
produziam psicotrópicos que eram carregadas em submarinos alemães e seguiam
para ser usados pela Alemanha nazista. Coisa secreta de alto significado e que
aquele taxista entregava a agentes quinta coluna que se infiltraram em
Joinville e depois seria carregada nos submarinos para abastecer a industria
química, por conseguinte os exércitos de Hitler.
A Matex também comprava dos colonos locais plantas que tem uma flor chamada
“Glokenblume” (flor-de-sino, do genero Campanulaceae) que desidratava e
mandava em fardos secos para processar em Jaraguá pelo caminhão de que falamos acima. Sobre isso também logo se
especulou que produziam medicamentos secretos, pois ninguém conseguia atinar
qual era o objetivo de comprarem essa planta “de mato” que não podiam
identificar nenhuma utilidade.
Mas as razões para se criarem essas fantasias no imaginário
dos sãobentenses também haviam. Um dos pontos é que os os produtos que ali eram elaborados eram transportados sempre de automóvel ou no caminhão próprio, não se utilizando do transporte ferroviário, que nessa época tinha ligação regular com Jaraguá. Só a matéria prima bruta entrava por via férrea.
Outra coisa marcante foi que terminada a 2ª Guerra Mundial a produção parou, a fabrica foi desativada e passou a se deteriorar, abandonada por muito tempo. Os gerentes, técnicos e inclusive a governanta Schuller-Wahr se foram todos e poucos ex-funcionários permaneceram na cidade. A comunidade local, nem mesmo a elite empresarial ficou sabendo das reais razões desse movimento de abandono súbito. Os pesados equipamentos que tanto impressionaram as pessoas quando de sua chegada ficaram silenciosos e acabaram sendo desmontados gradativamente só depois de muitos anos e levados embora, provavelmente para Jaraguá. Só restou a chaminé da caldeira, de tijolos, que foi parcialmente demolida, mas parte de sua base continua em pé até hoje.
Outra coisa marcante foi que terminada a 2ª Guerra Mundial a produção parou, a fabrica foi desativada e passou a se deteriorar, abandonada por muito tempo. Os gerentes, técnicos e inclusive a governanta Schuller-Wahr se foram todos e poucos ex-funcionários permaneceram na cidade. A comunidade local, nem mesmo a elite empresarial ficou sabendo das reais razões desse movimento de abandono súbito. Os pesados equipamentos que tanto impressionaram as pessoas quando de sua chegada ficaram silenciosos e acabaram sendo desmontados gradativamente só depois de muitos anos e levados embora, provavelmente para Jaraguá. Só restou a chaminé da caldeira, de tijolos, que foi parcialmente demolida, mas parte de sua base continua em pé até hoje.
No fim das contas, seria muito mais barato comprar café em grão, se o objetivo era extrair cafeína.
ResponderExcluirTeve um outro lance, também tentado por alemães, de extrair ouro do mar. O negócio se pagava se a proporção fosse a esperada -- n partes por bilhão. Funcionou mas não se pagou porque a proporção é mais para "n partes por trilhão".