Excerto e variação livre sobre ensaio de Eugênio Bucci, no OESP e OI
Se essa tal “livre-iniciativa” precisa lubrificar (e não apenas “molhar”) a mão do agente público para conseguir empreender, de que “empreendedorismo” estamos falando, afinal de (e das) contas?... Lembrem-se da quantidade de zeros envolvida para conseguir uma licença, uma aprovação, o andamento de algum processo... Somados esses esforços chegam brincando na casa dos bilhões... bilhões de reais. Muita coisa.
Estamos diante não mais de um desvio de um lobista qualquer que foi lá e amaciou o deputado, hoje isso não tem mais eficácia. Precisa cooptar uma bancada, um sistema... estamos diante de um modo de produção extenso, complexo e generalizado, implantando há décadas com protocolos bem azeitados e regras próprias, não escritas e, principalmente, não faladas.
Esse modo de produção ou inserção em alguma situação de mercado não pode ser chamado de empreendedorismo, pois depende de forma vital de corrupção como método e como investimento inicial (uma taxa de ingresso, se preferir) para poder se estabelecer.
Então chegamos à triste conclusão de que aquele círculo virtuoso que se presume no empreendedorismo precisa do gatilho vicioso da propina, do impulso movido a suborno, dos préstimos providenciais da velha conhecida chamada “bola”. Coisa mais degradante!...
Mas há uma pedra no meio do caminho: Um dos bons desafios dessa história é tentar entender quem está corrompendo quem. Altíssimos executios de empresas privadas foram presos, no recente caso da Petrobras x Empreiteiras. Seriam os corruptores?... A presidente da República viu nisso um ineditismo policial admirável e declarou algo na linha do “nunca antes”. Se o corruptor for mesmo o empresário (o corromp-empreendedor em pessoa), o raciocínio presidencial até que tem fundamento.
Mas para além dessa linha de interpretação, porém, há outra possibilidade especulativa:
Os “operadores” - essa nova categoria da teoria econômica em tempos de corromp-empreendedorismo de tantos partidos (de interesses e até políticos), mancomunados por detrás dos gabinetes com elevadores privativos nas sedes das Petrobrás, Cemig’s, Metrô’s, Dersa’s, e quase TODAS as outras, podem também atuar como polos ativos da corrupção. De que modo?... Muito simples: eles agiriam para forçar uma aliança, uma relação promíscua – e criminosa – entre representantes do mercado e servidores públicos, porque o que os permitiria extrair benefícios dessa aliança, transformando as empresas privadas de “corruptores” em doadores fiéis e pontuais de barris de dinheiro para as campanhas eleitorais e para outras régias regalias.
Quer dizer: se o corruptor privado “compra” o funcionário público para lucrar com facilidades diversas e sem ter de se aborrecer com concorrentes, o “operador” partidário “compra” o corruptor privado para garantir uma caixinha segura, mensal, líquida e certa (mas claro, errada). E agora?... Quem corrompe quem?...
Então, um jeito ou de outro, por um ângulo ou por outro, por uma lógica ou por outra, o fato é que os corruptores, partidários, públicos e privados, bem como os corruptos, dos dois lados do balcão, foram alcançados pelas investigações e estão mais visíveis e isso, claro, é positivo.
Vamos ver como termina isso?!... ou no fim vamos ter só mais uma grandiosa pizza...
Quer dizer: se o corruptor privado “compra” o funcionário público para lucrar com facilidades diversas e sem ter de se aborrecer com concorrentes, o “operador” partidário “compra” o corruptor privado para garantir uma caixinha segura, mensal, líquida e certa (mas claro, errada). E agora?... Quem corrompe quem?...
Então, um jeito ou de outro, por um ângulo ou por outro, por uma lógica ou por outra, o fato é que os corruptores, partidários, públicos e privados, bem como os corruptos, dos dois lados do balcão, foram alcançados pelas investigações e estão mais visíveis e isso, claro, é positivo.
Vamos ver como termina isso?!... ou no fim vamos ter só mais uma grandiosa pizza...
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